São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
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Teste ameaça portador de mal de Alzheimer

HUMBERTO SACCOMANDI
DE LONDRES

Vários países europeus estudam a criação de órgãos para tratar de questões éticas relativas à genética. Um dos motivos é a descoberta de um teste que pode indicar com grande precisão se uma pessoa vai desenvolver o mal de Alzheimer após os 65 anos. Os pesquisadores responsáveis estão sofrendo grande pressão para experimentá-lo em seres humanos, mas não se sabe ainda qual o benefício do teste.
O teste, desenvolvido em um instituto francês, identifica um gene que está associado à longevidade do ser humano. Esse gene, denominado ApoE, aparece em três tipos: E2, E3 e E4. Pessoas com mais de 100 anos têm predominantemente o tipo E2. Já o tipo E4, além de raramente encontrado em pessoas velhas, está associado ao mal de Alzheimer, segundo os pesquisadores.
A descrição do gene foi publicada no último número da revista científica "Nature Genetics". Pessoas com um E4 (os genes sempre aparecem em pares) têm 65% de chances de ter mal de Alzheimer. Esse número sobe para 90% em pessoas com dois E4.
Os pesquisadores estão incertos, porém, sobre os benefícios do teste. No caso de doenças tratáveis, como câncer do seio, é importante identificar a predisposição genética. Mas no caso do mal de Alzheimer, sem cura, um resultado positivo pode equivaler a um sentença de morte. A doença envolve a degeneração de células cerebrais e normalmente leva a pessoa à demência em poucos anos.
Além disso, o teste pode ser usado com outros objetivos. Uma companhia de seguros pode recusar um seguro-saúde a uma pessoa com teste positivo para o E4. Do mesmo modo, um banco pode recusar empréstimos. Por enquanto não há legislação que regulamente o lançamento comercial de um teste como esse.

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