São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
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Inquérito apura morte em carro da Rota

DA REPORTAGEM LOCAL

O corregedor da Polícia Judiciária, juiz Francisco José Galvão Bruno, determinou ontem a abertura de sindicância no Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo) para averiguar as circunstâncias da morte no sábado dos presos Sidnei de Andrade, 24, e Francisco Gomes de Amorim, 23. Os dois morreram na tentativa de fuga de sete presos do 46.º DP (Perus, zona oeste de São Paulo). Sidnei foi morto dentro de um veículo da Rota (91.136) depois de ser recapturado junto com outros cinco.
Amorim, que estaria armado, morreu em confronto com policiais após a fuga, que aconteceu em uma rebelião envolvendo os 105 outros presos recolhidos nas cinco celas da delegacia, onde normalmente caberiam 40 presos.
Na fuga, os sete presos que escaparam levaram duas armas: uma do carcereiro e outra de Francisco Felix da Silva, que estava sendo autuado por porte ilegal de arma. O coronel Edilberto Ferrarini, comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), disse ontem que foi instaurado Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar o relato dos militares envolvidos.
Filmagem
A cena da detenção de Andrade no interior do carro da Rota, onde estava algemado, foi filmada pela TV Cultura. "Vão me matar" gritou várias vezes o detento, que cumpria pena de 5,4 anos por assalto. Ele foi morto a cem metros da delegacia após quebrar com os pés o vidro traseiro do carro da Rota.
O soldado Carlos Roberto Góis diz que Sidnei conseguiu se livrar da algema e, com uma das mãos, se apossou de sua arma e lhe desferiu um tiro, que o teria atingido de raspão no braço. No revide, o policial o teria matado com a mesma arma, com um tiro no pescoço.
Reclamação
Levado ao pronto-socorro de Pirituba, Sidnei chegou morto. O delegado Alexí Boris Davidof, titular do 46.º DP, disse ontem que a calma voltou ao distrito. No domingo, aconteceram novas reclamações dos presos. Eles se queixavam da falta de água e do entupimento dos esgotos, o que provocaria mau cheiro e acúmulo de dejetos. Os detentos reclamam também do excesso de lotação.

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