São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
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Prefeitura não consegue fazer creches funcionarem

DENISE ABADE
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, ter suspendido na última quinta-feira as férias coletivas dos funcionários das creches municipais, a maioria não voltou ao trabalho ontem. Segundo o Sindicato dos Funcionários das Creches Municipais, mais de 80% das creches da prefeitura –que atendem 41 mil crianças– ficaram fechadas.
A Folha visitou ontem seis creches na zona leste de São Paulo: creches Vila Flávia, Jardim Colonial, Jardim Helena, Jardim Rosely, Maria Cursi e Nove de Julho. Apenas a última estava funcionando, com poucas crianças.
Ontem pela manhã, cerca de 200 pais e crianças se aglomeraram em frente à creche Vila Flávia para reivindicar a volta dos funcionários. "Primeiro disseram que as creches fechariam. Depois, que iriam abrir. Vim deixar minha filha hoje e vejo tudo fechado", disse a doméstica Dora Lúcia Carneiro, 37, mãe de Célia Regina, 3. Dora iria deixar sua filha com uma vizinha para poder trabalhar.
Segundo os pais, não há nas creches condições mínimas de higiene e segurança para as crianças. "Agora a situação ficou pior do que estava. Aqui sempre falta tudo. Agora, faltam também funcionários", disse Mônica Martins, 25, faxineira e mãe de três crianças, de 5, 4 e 2 anos. O diretor da Vila Flávia, Luís Alberto Sanches, disse que "faria o possível" para a creche voltar a funcionar hoje.
Segundo Vicentina Saraiva Pessoa, fundadora do movimento Luta por Creche, as últimas decisões da prefeitura sobre as férias dos funcionários "só estão causando confusão". "A prefeitura não deveria ter voltado atrás depois de suspender as férias coletivas em julho. Resolveu conceder férias, depois suspendeu novamente e a situação ficou como está: caótica", afirmou.
A diretora do Sindicato dos Funcionários das Creches Municipais, Maria Célia Matias, disse ontem à Folha que a decisão da prefeitura de cancelar as férias coletivas foi um "desrespeito" aos funcionários. "Por isso a maioria não foi trabalhar. Nas creches conveniadas há férias coletivas. Queremos os mesmos direitos."
Representantes do sindicato se reuniram ontem à tarde com o secretário Antonio Salim Curiati e resolveram obedecer à ordem de suspensão das férias. "Trabalharemos, mas a reivindicação por férias coletivas continuará", disse Maria Célia.

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