São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Quércia vive

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Orestes Quércia ao lado de José Sarney. Orestes Quércia ao lado de Luiz Fleury. Jáder Barbalho, agressivo, exigindo a saída de Pedro Simon. Pedro Simon, acuado, aceitando as explicações de Orestes Quércia. A reunião peemedebista, ontem, mostrou que a máquina partidária está mesmo nas mãos do ex-senador e ex-governador. Que manda e desmanda.
"O PMDB é de Quércia e ninguém tasca." A avaliação do Jornal Bandeirantes, por mais interessada que seja, é a que parece mais próxima da verdade, diante das imagens mostradas ontem na televisão. Quércia triunfou com impressionante facilidade, com explicações que, ao menos na televisão, surgiram tão frágeis quanto aquelas dos esquemas Paubrasil e João Alves.
"O assunto está encerrado", afirmou Jáder Barbalho, na Cultura. Tanto está que a discussão, no encontro peemedebista, pareceu concentrar-se menos nas explicações quercistas e mais na campanha à Presidência da República. Quem lançou o tema foi José Sarney, que os quercistas conseguiram segurar no partido para dar número contra os gaúchos, agora sozinhos.
"Itamar Franco se distanciou muito da classe política", disse Sarney na Bandeirantes, questionando a falta de "governabilidade" da administração atual. É um sinal do que promete ser a radicalização da oposição do PMDB, executada pelos três governadores que o TJ Brasil chamou de "tropa de choque quercista": Luiz Fleury, Iris Rezende e Jáder Barbalho.
Inocência
As investigações vão perdendo o ritmo, com a correria ordenada por Jarbas Passarinho e Roberto Magalhães, mas os políticos envolvidos não conseguem recobrar a calma. Na descrição do Aqui Agora, as reações de José Lourenço –com seus palavrões– e Geddel Vieira –com suas lágrimas– mostram que a situação já é de "políticos à beira de um ataque de nervos".
As televisões em geral deram um "atestado de inocência" a Geddel Vieira, como se a comissão nada tivesse encontrado contra ele. Ele próprio disse estar surpreso. Lamentou a falta das perguntas mais difíceis, mas chorou, feliz. A explicação veio com o TJ, que informou que nenhuma subcomissão teve tempo de levantar nada sobre o deputado. É a pressa.

Texto Anterior: Mortos são incluídos em saque de US$ 7,5 mi
Próximo Texto: PF apura se Odebrecht adulterou documento
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.