São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
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Juiz manda recolher menores no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Desde a noite de segunda-feira, 14 menores de rua do Méier (zona norte) estão abrigados no Complexo de Quintino do CBIA (Centro Brasileiro para a Infância e a Adolescência). Eles foram para lá depois que o juiz Siro Darlan, da 2.ª Vara de Menores, expediu um mandado de socorro para os meninos, todos entre 8 e 14 anos, dos quais oito são sobreviventes da chacina da Candelária.
Segundo o juiz, eles vinham sendo explorados por um homem de 31 anos, de nome Quirino, que os obrigava a roubar e lhes comprava cola de sapateiro para que se drogassem. Siro Darlan afirmou que os menores só aceitaram ir para Quintino se esse homem fosse junto. "Assim que chegaram ao complexo, ordenei que ele fosse processado por corrupção de menores", disse o juiz.
Os meninos foram levados para Quintino por assistentes sociais e pelo coordenador do complexo, Lysâneas Maciel, 66. Segundo Maciel, foram apreendidos com eles um estilete e algumas armas de brinquedo com as inscrições "Comando Vermelho" e "Terceiro Comando" –duas organizações criminosas do Rio.
Ele disse que os menores estão instalados "em situação precária" no hospital do complexo. "Mas aqui têm seis refeições diárias e ficam longe das drogas", afirmou. Maciel declarou que a presidente do CBIA, Alda Marco Antônio, "é contra" dar verbas para o Complexo de Quintino, e que apesar disso destinou CR$ 134 milhões para um projeto cultural da prefeitura do Rio.
Alda Marco Antônio afirmou que os CR$ 145 milhões repassados ao complexo em dezembro não são suficientes para o funcionamento da instituição. "Por isso, ofereci recursos complementares a partir de 1.º de janeiro, mas o próprio Maciel recusou. Ele pediu que o dinheiro seja liberado a partir de março", disse Alda. Segundo a presidente do CBIA, a situação atual do Complexo de Quintino é resultado da "incompetência gerencial" de Lysâneas Maciel.

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