São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
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México diz ter abafado revolta e faz oferta de paz

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um porta-voz do governo mexicano afirmou ontem que o Exército retomou o controle de quatro das seis cidades que haviam sido conquistadas por rebeldes no início do ano no Estado sulino de Chiapas. O governo mexicano fez também a primeira oferta formal de negociações com os grupos armados, mas exigiu a entrega de todas as armas dos rebeldes.
Anteontem, os rebeldes do Exército Zapatista de Libertação Nacional começaram a sair das cidades, dirigindo-se para as montanhas. Ontem, a Força Aérea prosseguia o bombardeio contra posições dos rebeldes iniciado no dia anterior. O Exército também deslocou tanques para a região. Jornalistas da "France Presse" teriam sido atingidos por bombardeios do Exército. Dados oficiais mostram que 93 pessoas morreram no levante, mas funcionários públicos chegam a falar em 150 vítimas fatais.
Partidários dos zapatistas negaram que eles estivessem fugindo. Os rebeldes estariam apenas se reagrupando para ações posteriores. José Hernandez, morador da cidade de Altamirano, disse que os "combatentes continuarão em frente".
Eloy Cantu, funcionário do Ministério do Interior, disse que algumas áreas do Estado de Chiapas ainda não estão "seguras", mas que a vida está voltando ao normal na região. Cantu chamou os rebeldes de "profissionais da violência" e disse que muitos deles são estrangeiros, da vizinha Guatemala e de El Salvador.
Um funcionário do governo federal em Chiapas disse que as autoridades estão pronta para negociar para "evitar maiores perdas de vidas humnas". Mas o governo estabeleceu uma série de condições para iniciar o diálogo: cessar-fogo; entrega pelos rebeldes de todas as armas, entre elas 1.500 kg de dinamite roubados antes do início da insurreição; libertação de todos os reféns e identificação de mediadores e dos chefes do grupo armado.
Os rebeldes inciaram o levante no dia de Ano Novo. Eles declararam guerra contra o governo, ao qual acusaram de práticas "genocidas", e exigiram a entrega de terras aos camponeses. A maioria dos rebeldes é composta por descendentes dos maias, civilização que dominou a região e atingiu seu auge entre os anos 300 e 900. O nome do grupo é uma homenagem a Emiliano Zapata, líder camponês que participou da Revolução Mexicana de 1910-17.
Um dos líderes rebeldes disse que os insurgentes também se opõem ao Nafta (iniciais em inglês de Acordo Norte-Americano de Livre Comércio, entre Canadá, Estados Unidos e México). Segundo os zapatistas, o acordo, que entrou em vigor no dia 1.º de janeiro, vai prejudicar os camponeses indígenas do Estado de Chiapas, o mais pobre do México.

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