São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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Enterro acirra disputa sindical no ABCD

DA FOLHA ABCD E DA REPORTAGEM LOCAL

O enterro do presidente do Sindicato dos Condutores Rodoviários do ABC, Oswaldo Cruz Júnior, acirrou a disputa pelo controle da entidade. Sindicalistas ligados ao grupo de Cruz afirmaram ontem que o secretário-geral da entidade, Cícero Bezerra da Silva, que liderava o grupo de oposição, não vai assumir a presidência da entidade.
Durante o enterro, os sindicalistas defenderam a posse do irmão de Cruz, Clodovil Aparecido de Carvalho, que é secretário de Relações Sindicais do Sindicato. Carvalho disse que vai assumir a presidência da entidade na segunda-feira. Ele usou o carro de som que carregava o corpo de Cruz para pedir apoio aos motoristas e cobradores que acompanhavam o enterro.
"Precisamos de vocês para continuar administrando essa entidade", afirmou Clodovil. Outros sindicalistas também pediram apoio contra o grupo liderado por Bezerra da Silva. Cruz foi enterrado na tarde de ontem, no cemitério da Colina, em São Bernardo.
Há uma disputa judicial em torno da sucessão de Cruz Júnior. A vigência de dois estatutos diferentes está sendo discutida judicialmente. Um prevê a posse de Bezerra da Silva e, outro, de Clodovil. Bezerra da Silva disse ontem assumirá o cargo na segunda-feira com o auxílio da PM.
Denúncias
Clodovil e outros irmãos de Cruz sustentam a tese de que o assassinato foi provocado pelas denúncias de utilização do sindicato para financiar campanhas eleitorais de candidatos do PT, PSDB e PTB. A viúva de Cruz, Valéria Cristina Cruz, acredita que o assassinato foi causado por disputas internas no sindicato. "Era uma divergência política que degenerou numa briga pessoal".
A tese dos irmãos de Cruz é defendida pelo presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros. "Foi queima de arquivo", disse durante o velório. Segundo ele, a CUT e o PT teriam interesse na morte do sindicalista. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Vicente Paulo da Silva –o Vicentinho–, Medeiros está explorando politicamente uma "tragédia".
Vicentinho disse que o PT e a CUT querem uma apuração rigorosa do crime. Medeiros estave no velório durante a manhã e Paulo da Silva acompanhou o enterro. O presidente da CGT, Canindé Pegado, também estave no velório.
O enterro de Cruz foi acompanhado por uma carreata de protesto que congestionou as principais ruas dos centros de Santo André e São Bernardo. Acompanharam o enterro o presidente do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, Edvaldo Santiago, o tesoureiro da CUT nacional, Kjeld Jakobsen, o deputado estadual Arlindo Chinaglia (PT), o vereador Astrogildo de Souza (PMDB), de Santo André, o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, Carlos Alberto Grana, e o ex-líder sindical e ex-vereador de Santo André, Miguel Rupp, que era amigo pessoal de Cruz.

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