São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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Cícero nega motivação política

CRISPIM ALVES
DA FOLHA ABCD

O secretário-geral do Sindicato dos Condutores Rodoviários do ABCD, Cícero Bezerra da Silva, 44, afirmou que vai assumir a presidência da entidade nem que seja com a ajuda da polícia. Ele declarou que não tem ligação com a morte de Oswaldo Cruz Júnior e descartou qualquer vinculação política no crime. Segundo ele, o que motivou o assassinato foram atritos pessoais. Silva disse que Cruz sempre menosprezou José Benedito de Souza, o Zezé, acusado do crime.
Folha - Você crê que houve motivação política no crime?
Cícero - De maneira alguma. Para você ter uma idéia, o Oswaldo se dirigiu para ele (Zezé) uma vez, em uma reunião, e disse: "Você já falou demais para o seu tamanho." Era assim que o Oswaldo tratava ele. Eles sempre discutiram. O Zezé não sabe nem o que é o PT. A CUT muito menos. Não é filiado a partido nenhum.
Folha - A família de Cruz está dizendo que o crime aconteceu a seu mando.
Cícero - Mas isso não existe. A categoria está com a gente e isso não seria necessário. Nós já estávamos quase conseguindo o afastamento dele (Cruz) por 90 dias. Tínhamos grandes chances de conseguir isso. Não precisaria agir assim.
Folha - E o futuro?
Cícero - Mesmo lamentando o que houve a gente pretende fazer o melhor possível para atender a categoria. Eu pretendo assumir o sindicato. Temos que dar continuidade à luta.
Folha - Você vai enfrentar a família?
Cícero - Não tenho envolvimento com o que aconteceu. Nossa discussão era política. Eu achava que a categoria tinha que ser conduzida de uma maneira diferente. Minha divergência sempre foi neste sentido. Vou pedir proteção policial para assumir o sindicato. Se a família tentar impedir, ela está errada. Se houver impedimento, vou acionar a polícia.
Folha - Você foi ameaçado?
Cícero - Diretamente ninguém falou nada. Mas lá no sindicato tem esses boatos, que eu ser morto do mesmo jeito.
Folha - Teme por sua vida?
Cícero - Acho que corro risco de vida. Vou pedir minha proteção, não dá para ficar facilitando, mas acho que é Deus quem vai decidir a hora que a gente tem que ir.
Folha - Você anda armado ou pretende andar?
Cícero - Não ando. Nunca usei isso. as, de repente, a gente pode mudar de idéia. Até o momento não pretendo. A situação ficou difícil. Tenho informações de que eles pretendem impedir todos os diretores de chegar no sindicato. Não sei segunda-feira como vai ser.

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