São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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Petistas prometem processar acusadores

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-presidente nacional do PT, deputado estadual paulista Rui Falcão, afirmou ontem que seu partido processará quem atribuir participação do PT no assassinato do sindicalista Oswaldo Cruz Júnior. "Falar em queima de arquivo é absurdo e quem nos vincular a essa hipótese terá que responder pela ação caluniosa na Justiça', disse Falcão.
O presidente nacional do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi procurado durante todo o dia de ontem pela Folha, mas não retornou as ligações. Lula antecipou o final de suas férias, que deveriam terminar apenas amanhã, por causa da repercussão do caso de Oswaldo Cruz Júnior.
A direção do PT está tentando minimizar o eventual prejuízo eleitoral que o episódio poderá causar à candidatura Lula. "O assassinato já está esclarecido e ficou bem claro que se tratou de uma disputa sindical que infelizmente gerou esse crime", afirmou Falcão.
Logo que soube do assassinato, Lula telefonou para sua assessoria em São Paulo para obter detalhes do caso. Orientou o sindicalista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, a comparecer ao velório de Cruz. O deputado estadual Arlindo Chinaglia, presidente do PT paulista, foi escalado para acompanhar o desdobramento do episódio no ABC.
A avaliação da cúpula petista é que a liderança de Lula na corrida presidencial atrairá sobre ele uma série de denúncias e que o episódio do assassinato de Cruz apenas antecipa isso. Nos bastidores, no entanto, lamenta-se que não tenha havido uma intervenção firme das direções do PT e da CUT no entrevero entre as duas correntes em luta no sindicato que era comandado por Cruz. O desfecho violento não era descartado totalmente, já que as duas alas em confronto são tidas como truculentas.
Antes de morrer, Cruz acusou Lula, Paulo Okamoto (ex-presidente do PT paulista) e Eduardo Fernando de Lima, funcionário da Secretaria de Organização do PT paulista, de participarem de um esquema de captação e desvio de dinheiro de sindicatos para as campanhas eleitorais petistas.
Okamoto foi procurado em sua casa ontem e não retornou as ligações. Lima, conhecido no PT como "Eduardinho", não foi localizado na sede do partido. Okamoto é homem de confiança absoluta de Lula e tem a mesma origem política do virtual candidato petista à Presidência da República: o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema.
Rui Falcão considerou "curioso" o fato de só agora ter surgido a denúncia de Cruz sobre o eventual envolvimento de Lula no desvio de recursos sindicais para o PT. "Gostaria de saber se a denúncia está gravada. A Polícia deve investigar todas as denúncias, mesmo com a morte de Cruz", declarou Falcão.

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