São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Delegado não descarta 'motivos políticos'

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, delegado Nélson Guimarães, que assumiu ontem as investigações sobre o assassinato de Oswaldo Cruz Júnior, presidente do Sindicato dos Condutores Rodoviários do ABCD, não descarta que "motivações políticas" estejam por trás do crime.
O delegado destaca, entre as razões a serem investigadas, "a briga interna do sindicato, as denúncias de Oswaldo sobre dinheiro que estaria sendo desviado para campanhas políticas e as ameaças de morte que a vítima vinha sofrendo". "Não esqueceremos nenhuma hipótese", disse Guimarães, que pediu a prisão preventiva de José Benedito de Souza, o Zezé, acusado do crime.
Guimarães, que estava em férias, foi designado para o caso pelo secretário de Segurança Pública, Odyr Porto. A escolha, segundo Odyr, "partiu do governador Fleury, devido à gravidade e grande repercussão do caso". "Vamos esclarecer as razões do crime, já que seu autor foi o Zezé", disse o delegado.
Ontem, na Secretaria de Segurança Pública, Odyr e Guimarãs receberam o sindicalista Luiz Antônio de Medeiros, presidente da Força Sindical. Medeiros se colocou à disposição de Guimarães para prestar depoimento. "Não vamos recusar uma contribuição preciosa como essa", respondeu o delegado.
A carreira de Nélson Guimarães é marcada por dois casos com grande repercussão política: o sequestro do empresário Abílio Diniz, em dezembro de 89, e o assassinato do governador do Acre, Edmundo Pinto, em maio de 92.
No caso Diniz, Guimarães foi acusado por membros do PT de ter tentado vincular os sequestradores ao partido. Ele teria, segundo o PT, obrigado os sequestradores a vestir camisetas de apoio a Lula e colocado adesivos do PT no ônibus que os transportou. O fato ocorreu no dia da votação do segundo turno da eleição presidencial entre Lula e Collor. O secretário de Segurança Pública, à época, era o hoje governador Luiz Antonio Fleury Filho.
Enquanto aguarda o laudo do IML (Instituto Médico Legal), a polícia pretende ouvir novas testemunhas, começando pela família da vítima. Guimarães disse que vai usar uma fita de vídeo, gravada por um cinegrafista do sindicato segundos após os tiros, para identificar novas testemunhas. A fita registra, em poucos segundos, o corpo de Oswaldo sendo carregado num corredor do sindicato e mostra o chão da sala em que foi baleado cheio de sangue.

Texto Anterior: Maluf acusa 'intolerância' do PT
Próximo Texto: Líder de Fleury pede CPI
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.