São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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Governadores serão ouvidos hoje

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI do Orçamento vai ouvir hoje os três governadores acusados de envolvimento com o esquema de corrupção no Orçamento. A comissão vai se dividir para ouvir os depoimentos dos governadores João Alves (PFL-SE), Edison Lobão (PFL-MA) e Joaquim Roriz (PP-DF).
A comissão identificou uma relação direta entre o governador João Alves e o deputado João Alves (sem partido-BA) quando o primeiro foi ministro do Interior do governo Sarney. Documentos em poder da CPI mostram que o então ministro liberava as subvenções sociais de acordo com a lista de entidades e prefeituras elaborada pelo deputado.
A comissão vai ouvir também os outros dois governadores citados pelo delator do esquema do Orçamento, José Carlos dos Santos: Joaquim Roriz e Edison Lobão. Contra Roriz, a comissão esperava até ontem à noite um relatório sobre suposto superfaturamento de obras em Brasília.
O relator da CPI, deputado Roberto Magalhães (PFL-PE), considera o depoimento dos governadores um cumprimento formal da comissão. "Estamos ouvindo os governadores apenas para não sermos acusados de omissão", afirmou. Magalhães não considera os governadores uma parte importante de seu relatório. "O máximo que podemos fazer é enviar os documentos ao Ministério Público", disse.
A CPI suspeita de que o então ministro João Alves oficializava irregularidades na liberação de subvenções sociais. Entre os documentos estão ofícios assinados após a liberação do dinheiro para entidades e prefeituras definidas pelo deputado João Alves. Há ainda um documento do deputado comunicando ao ministro que o Tesouro Nacional já tinha liberado os recursos, demonstrando o controle do deputado junto ao ministério do Interior.
Bisol x Judiciário
O senador José Paulo Bisol (PSB-RS), coordenador da Subcomissão de Patrimônio da CPI e desembargador aposentado, disse ontem que a sociedade "precisa exigir" que o Poder Judiciário seja investigado, como o Legislativo e o Executivo. Bisol disse que o Judiciário "sofre de corrupção institucional, epidêmica".
Ele declarou, em entrevista pelo telefone à rádio Gaúcha, de Porto Alegre, que irá "lutar" para que seja instalada uma CPI sobre o Judiciário. Segundo ele, há integrantes dos tribunais superiores com "aposentadorias nababescas" devido a irregularidades.
Colaborou a Agência Folha, em Porto Alegre

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