São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994 |
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Febre do reciclável chega à moda com marca XULY.Bet
EVA JOORY
O ateliê de Kouayté foi montado pelo próprio, num antigo hospital hoje fora de uso. É numa velha sala de radiologia que trabalha, dividindo o espaço com amigos, entre eles outros estilistas, designers de jóias e artistas plásticos. Em entrevista exclusiva à Folha, Kouyaté falou da explosão da moda reciclada. * Folha - De onde veio a idéia de recilclar roupas? O que o atraiu nela? Kouyaté - A matéria-prima é mais interessante, assim como a abordagem, que corresponde mais ao ecletismo de hoje. Experiência e um laboratório excelente me permitem criar novas formas. Folha - A moda de rua inglesa foi uma de suas influências? Lamine Kouyaté - A Inglaterra e o que sai de là, do ponto de vista da música e da moda, certamente faz parte das minhas influências. Minhas influências são ecléticas e múltiplas. Vêm da música e da arte moderna. Outras fontes de inspiração são a Africa e a universalidade. Folha - De onde vem o nome XULY.Bet? O que ele significa? Kouyaté - XULY.Bet significa abrir os olhos na língua do Senegal, o "wolof". Siginfica vigilância, e é contra o mau olhado. Folha - Você é hoje o estilista mais quente de Paris. Concorda? Kouyaté - Deve existir outros nomes além do meu. Um exemplo: Véronique Leroy. Folha - Você estudou arquitetura antes de se dedicar à moda. O que o fez mudar de idéia? Kouyaté - A moda permite uma liberdade de criação mais instantânea. Folha - Acredita que seu estilo integra a escola desconstrutivista? Kouyaté - Mais como um estigma do movimento afro contemporâneo. Folha - Qual é o público que consome suas roupas? Kouyaté - Acho que é um público mais jovem. Folha - Que tipo de tecido o atrai? Você gosta de cores? Kouyaté - Gosto de Lycra, mole e confortável. Gosto de cores vivas, mas também do preto. Folha - Você acredita que as roupas recicladas são o novo caminho para a moda? Por quê? Kouyaté - Sim. São as roupas velhas que estão à mão dos jovens estilistas. Com a crise, o que vai se desenvolver mais é a matéria prima. Folha - Porque você só trabalha com roupas de segunda mão? Kouyaté - Por diferentes razões. É mais barato, e estas roupas velhas têm uma qualidade que as de hoje não têm. Folha - Concorda que a moda deve refletir a realidade? Kouyaté - Claro, sempre acreditei nisto. A moda hoje traduz uma realidade em movimento. ISTO É XULY.Bet tules e telas meias rasgadas sobreposição uso da tesoura roupas de brechó retrabalhadas mistura de estampas costuras aparentes nylon, lã e Lycra emendas e remendos Texto Anterior: Air France procura carga Próximo Texto: HELEN STOREY, VERONIQUE LEROY, MARTIN MARGIELA Índice |
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