São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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HELEN STOREY, VERONIQUE LEROY, MARTIN MARGIELA

ERIKA PALOMINO

outros nomes da moda reciclada na Europa
Depois do lixo e do papel reciclado, a febre da reutilização de materiais chega à moda, depois de passar pela própria indústria e até pelo design. Agora, é como se fosse o triunfo do brechó-chic. Um quê de velho e usado com cara de novíssimo e moderno.
Anna Sui já tinha lá seu look túnel do tempo, inspirado nos 60 e, sobretudo, nos 70. Mas a coisa reciclada saiu mesmo foi dos estilistas europeus. Tudo começou com –impossível não repetir– o desconstrutivismo do belga radicado em Paris Martin Margiela. Ele foi o primeiro a alcançar visibilidade ocm roupas recicladas.
Sua coleção de 89 tinha uma passarela em tecidos reciclados e os modelos em si eram dividida em três seções: tecidos, cortes e coisas recicladas. Margiela usa às vezes até quatro peças diferentes para criar um novo casaco, por exemplo, e o resultado é de uma originalidade única. Ainda, ele tinge, lava e detona tecidos e materiais.
Em Londres, a inglesa Helen Storey é o nome mais forte do reciclado. Sua loja reúne conceitos de brechó e grife, com três linhas: a que leva seu nome, a Real Classics (mais ortodoxas) e a Second Life (segunda vida, na tradução, só para reciclados). Nesta, ela trabalha em conjunto com o estilista Abel Damoussi, da Flip do Covent Garden, especialmente sobre peças americanas dos anos 40 e 60.
A francesa Veronique Leroy, que Lamine Kouyaté aponta como o outro talento da moda de Paris no momento, segue linhas clássicas com um olhar em cortes retrô. Radical, põe todas as modelos de seus desfiles com sapatos e acessóris de brechó.
Mais importante que detectar alguma influência do politicamente correto do reciclável ecológico é perceber na moda reciclada seu maior valor: forçar a criatividade de estilistas e compradores, ao mesmo tempo em que consegue um feito sensacional (aos olhos de ambos estilistas e compradores): baixar os preços. (Erika Palomino)

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