São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA defendem aumentar Otan 'no futuro'

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O secretário de Estado dos EUA, Warren Cristopher, disse ontem em Washington que a Otan não deve oferecer imediata filiação a países do ex-Pacto de Varsóvia para "evitar seleções prematuras ou prejulgamentos apressados". Os EUA estão oferecendo o que chama de "Parcerias para a Paz" aos países que pertenciam à chamada "cortina de ferro".
Hungria, Polônia, Eslováquia, República Tcheca e Lituânia já afirmaram seu interesse de se integrar de imediato à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A Rússia, que teve relações belicosas com os cinco países no passado, se opõe à idéia de uma filiação rápida deles à Otan. Os EUA estão procurando uma saída de meio-termo.
O secretário da Defesa dos EUA, Les Aspin, argumenta que o programa "Parcerias para a Paz" coloca o problema da filiação à Otan "no lugar certo, no fim do processo, não no seu começo". Cristopher diz que o plano americano "é um instrumento flexível, que vai permitir que os países interessados apresentem suas credenciais para futura filiação".
Cristopher acha também que a expansão da Otan vai ter implicações estratégicas e orçamentárias para os EUA, o que exigirá amplo debate no Congresso e na opinião pública. "Isso leva tempo", afirmou Cristopher em entrevista ontem à tarde no Departamento de Estado. "Antes disso, não pode haver nenhum compromisso."
O presidente Bill Clinton vai participar no final de semana de reunião de cúpula da Otan que vai discutir o assunto. Cristopher disse esperar que do encontro resulte uma declaração que "antecipe as esperanças de se aumentar o número de países integrantes da organização mais tarde, no futuro". A Otan tem 16 membros em sua formação atual.
A estratégia dos EUA para a Europa oriental parece ser a de apostar tudo no destino do presidente da Rússia, Boris Ieltsin. Clinton está disposto a fazer quase qualquer concessão para que Ieltsin seja bem-sucedido em seu projeto de reforma econômica para a Rússia. Os EUA estão, por exemplo, em confronto com o Fundo Monetário Internacional porque a entidade tem exigido melhor desempenho russo.
Na entrevista de ontem, Cristopher descartou um encontro de Clinton com o líder nacionalista russo Vladimir Jironovski, o principal opositor atual de Ieltsin. Jironovski chamou o presidente dos EUA de "covarde". Cristopher diz que "seu comportamento desautoriza qualquer encontro".

Texto Anterior: Mau tempo mata mais duas pessoas na Europa
Próximo Texto: China ameaça retaliar o comércio dos EUA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.