São Paulo, domingo, 9 de janeiro de 1994
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Boxe se perde na busca de um novo Tyson

WILSON BALDINI JR.
DA REPORTAGEM LOCAL

A categoria dos pesos-pesados passa por um período de entressafra. O carro-chefe do boxe mundial está órfão e em crise desde a prisão de Mike Tyson, em março de 92. A exemplo do que aconteceu quando das aposentadorias de Joe Louis, Rocky Marciano e Muhammad Ali, os promotores estão a procura de um substituto para o ex-campeão. "O público reclamava quando Tyson liquidava os combates em menos de um minuto. Agora sente sua falta", disse o empresário Don King.
Os atuais campeões, Evander Holyfield e Lennox Lewis, não têm carisma nem qualidade para manter o nível alcançado por Tyson. Segundo um levantamento da TV norte-americana a cabo HBO, as cinco maiores audiências da emissora foram registradas nos combates de Tyson. A partir da saída do "Iron Man", o interesse voltou-se para outras categorias.
Lutadores novos que estão despontando, como o superpena Oscar de La Hoya e o meio-mosca Michael Carbajal, começam a interessar os donos de cassinos que cada vez mais programam suas noitadas com estes boxeadores. Já o ex-campeão Bowe, que perdeu o título para Holyfield em novembro passado, tinha Zimbábue como o país para a sua luta seguinte. "O público de Las Vegas e Atlantic City não aceita o nível dos pesados", afirmou Lou Duva, ex-empresário de Holyfield.
A falta de competência dos atuais pesos-pesados obriga aqueles que vivem do boxe a procurarem ex-campeões aposentados. "Somos obrigados a resgatar velhos campeões. Holyfield, Lewis e todos estes jovens não interessam ao público", disse Ross Greenburg, vice-presidente e promotor executivo da HBO. "O telespectador pagou US$ 35,95 para assistir a luta Holmes/Holyfield, em 92. Já hoje com Holyfield, Lewis ou Bowe não poderíamos pedir mais de US$ 1,50", concluiu.
Os sucessivos fracassos dos jovens pesos-pesados animam os veteranos e até os lutadores de outras categorias. Iran Barkley, ex-campeão dos médios, ganhou duas dezenas de quilos e já fez algumas lutas entre os pesados. "Por uma bolsa de US$ 10 milhões enfrento qualquer um", exagerou. Outro que tenta a sorte na categoria mais badalada do boxe é o ex-campeão cruzador James Warring.
Os poucos lutadores com carisma e que cativam o público norte-americano, apesar de toda cobertura dada pela imprensa, não possuem competência. O maior exemplo é Tommy Morrison. A "esperança branca" dos norte-americanos que desejam um campeão que não seja negro acumula derrotas. Após o massacre sofrido frente a Ray Mercer, Morrison voltou a desapontar em outubro passado.
Com combate marcado para enfrentar Lennox Lewis em março deste ano pelo cinturão do Conselho Mundial, Morrison foi nocauteado em outubro pelo inexpressivo Michael Bent, em 93 segundos. "Ele jogou fora sua carreira", desesperou-se Bill Cayton, seu empresário.

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