São Paulo, domingo, 9 de janeiro de 1994
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Carro-bomba explode na cidade do México

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Carro-bomba explode na Cidade do México
Um carro-bomba explodiu no começo da manhã de ontem no centro da Cidade do México e deixou quatro pessoas feridas. A autoria do atentado não foi reivindicada. O ataque ocorreu oito dias depois de guerrilheiros do autodenominado Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) terem iniciado uma revolta no Estado de Chiapas, sul do país. No povoado de Guadalupe Tepeyac, mais de cem pessoas estariam servindo de "escudos- humanos" contra uma eventual entrada do Exército, disse ontem o jornal "Excelsior".
A explosão aconteceu à 1h20 de ontem (hora local) no estacionamento do centro comercial Plaza Universidad. A polícia atribuiu o atentado a EZLN. As autoridades mantêm um reforço na segurança nas principais cidades, porque o EZLN ameaçou atacar os "centros da oligarquia".
O jornal "Excelsior" disse ontem que cem reféns – entre elas o ex-governador do Estado de Chiapas Absálon Castellanos – estariam sendo usados como "escudos humanos" para evitar um ataque das Forças Armadas mexicanas. O jornal afirma ter recebido um comunicado escrito a mão pelo líder guerrilheiro em Guadalupe Tepeyac, que seria um jovem de 25 anos. Ele impediu contato dos jornalistas com os reféns, presos numa clínica. A procuradoria-geral do México negou ontem que as Forças Armadas sejam responsáveis pela morte de quatro zapatistas. A autópsia teria revelado que as armas utilizadas são diferentes das do Exército. Os cadáveres foram encontrados com as mãos amarradas para trás e tiros na cabeça.
O governo que sempre negou que o país tivesse grupos armados, disse ontem que sabia da preparação da revolta em Chiapas desde dezembro passado. Mas diz que são "alienígenas" (guerrilheiros estrangeiros e esquerdistas derrotados na década de 70), e não indígenas descendentes dos maias que se rebelaram.
Segundo o comunicado do governo, o EZLN é uma organização "extremista, violenta, profissional e bem treinada". "Os rebeldes têm duas caras", disse o vice-ministro do Interior, Socorro Díaz. "São amistosos e civis com os turistas e extremamente violentos e cruéis com nossos compatriotas indígenas e mestiços".

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