São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994
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Novos produtos buscam praticidade

KATIA MILITELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Praticidade será o conceito-chave do fim do milênio. Informática, o principal fio condutor para alcançá-la. A busca pelo lado prático colocará entre os objetos do desejo do consumidor o computador que permitirá abastecer a casa sem pisar no supermercado, telefone celular, carro "inteligente", TV interativa e produtos com biodesign, como o vaso que fornecerá a um computador dados que permitirão a análise de fezes e urina após cada descarga.
É o que prevêem especialistas em marketing e novos produtos sobre as tendências para o período que antecede o ano 2000. Eles se baseiam no comportamento dos consumidores e na trajetória de vendas de produtos lançados nos últimos dois anos fora do Brasil.
"O grande sonho da dona-de-casa que trabalha é não pisar mais num supermercado", diz o professor de marketing Marcos Cobra, da Fundação Getúlio Vargas. Para resolver esse "problema", o caminho é a informática.
Uma rede digital de serviços integrados permitirá fazer compras sem sair de casa, movimentar contas bancárias e obter serviços bastando digitar o teclado de um microcomputador acoplado à uma linha telefônica.
"Nossa casa será o futuro shopping center. Na tela do computador seremos capazes de ouvir sobre novos produtos ou encomendar marcas favoritas", escreve a especialista norte-americana em tendências Faith Popcorn, que listou no livro "Relatório Popcorn" editado no Brasil pela Campus, o que iremos comprar e como viveremos no futuro.
A indústria de informática já trabalha com o conceito de praticidade. "A tendência é juntar em apenas um aparelho toda a parafernália que manipulamos, como vídeo, TV, telefone e micro", afirma Eduardo Carvalho, diretor de marketing da CompuSource, distribuidora Apple no Brasil.
A TV interativa será o "must" da comunicação multimídia, por reunir vários acessórios.
"O objetivo da informática é segmentar. Criar máquinas para serem usadas nas mais diversas atividades", afirma Carvalho, incluindo aí os eletrodomésticos.
Além de usarem tecnologia, os eletrodomésticos vão encolher. "Os lares serão menores, com menos filhos. Uma cozinha terá geladeira portátil, freezer grande, para guardar os congelados, fogão de mesa e um bom microondas", diz o professor de marketing do varejo Francisco Rojo.
No dia-a-dia, a tecnologia Newton, do Newton MessagePad, computador do tamanho de um bloco de anotações, já atrai empresários e executivos. Inácio Carlos Pereira, sócio da empresa Compugrafia, é um dos que aderiu ao aparelho.
O Newton entende a escrita a mão. Pereira o utiliza como agenda de compromissos e telefones. Ele é vendido no Brasil sob encomenda, a US$ 1.300.
Os números mostram que o telefone celular, que transforma todos os lugares em escritório, será uma febre. Em São Paulo, a Telesp entregou em quatro meses, 42 mil linhas. Existem 110 mil pessoas na fila.
O carro no final dos anos 90 será uma extensão do escritório, diz Hélcio Emerich, vice-presidente da Almap/BBDO. Morando longe da cidade, para onde foi à procura de qualidade de vida, o profisional vai aproveitar o trânsito usando fax, CD e celular no carro. A eletrônica o tornará mais fácil de dirigir.
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sobre o mercado do futuro na pág. 4.

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