São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994
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Eduardo Viana se compara a Cristo e tenta reeleição

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Eduardo Viana se compara a Cristo e tenta reeleição
O presidente da Federação de Futebol do Rio, Eduardo Viana, lançou ontem sua candidatura à reeleição. Seu mandato acaba em janeiro de 1996, 11 anos depois de ter assumido o cargo. Viana enfrenta a mais forte oposição de sua gestão e denúncias de manipulação de resultados.
Sem revelar nomes, ele disse que dois ex-juízes de futebol (Arnaldo César Coelho e José Roberto Wright) recusaram convite para dirigir a Comissão de Arbitragem e um terceiro (Armando Marques, apurou a Folha), não respondeu se aceita.
Viana disse que tem vontade de "lavar em sangue" as denúncias de corrupção no futebol fluminense, mas que não aceitará "provocações". Comparou-se a Jesus Cristo e Alfred Dreyfuss (militar francês de origem judaica acusado de traição em 1894 e deportado para a Ilha do Diabo). "Sinto-me como eles diante de tantas denúncias sem fundamento."
O dirigente fez as declarações no programa "Jogando de Primeira", da Rádio Nacional. Em resposta a pergunta da Folha, disse que a decadência do futebol do Rio se deve à queda de parte da grade de proteção da arquibancada do Maracanã em 92. "Houve demagogia ao se fechar o estádio. O futebol do Rio foi para a CTI e está custando a se recuperar."
A Liga Carioca não conseguirá afastá-lo da direção do Campeonato Estadual de 1994, acredita Viana. "Já enfrentei pressões piores, quando fui ajudado por amigos como Golbery do Couto e Silva e Mário Henrique Simonsen."
Viana voltou a falar das dificuldades que tem enfrentado para circular em público desde o começo das denúncias. "Outro dia uma turba de bêbados quis me atacar. Não adianta, antes do fim do meu mandato só saio morto."
A mais grave crise do futebol do Rio nos últimos dez anos aprofundou-se no mês passado com denúncias de dois juízes de que o então diretor da Comissão de Arbitragem, Wagner Canazaro (aliado de Viana), coordenava um esquema de manipulação de resultados. Hoje a Polícia Federal abre inquérito para apurar o caso.
Outro aliado de Viana, o diretor de futebol do Vasco, Eurico Miranda, poderá depor no inquérito da Polinter sobre o escândalo da arbitragem. Ele foi acusado pelo ex-diretor de patrimônio vascaíno Sérgio Paulo Gomes de Almeida de irregularidades na administração do clube e envolvimento na manipulação de resultados.

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