São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994
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Letras satirizam modas da época

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

Como todos os grandes compositores populares, Lamartine vivia atento aos acontecimentos do dia, captando assuntos nas ruas, nos bares e nos jornais. Gozou e homenageou muitas coisas, pessoas e países –inclusive, ou sobretudo, o Brasil, cuja história, aliás, lhe rendeu uma de suas marchinhas carnavalescas de maior impacto. A seguir, exemplos do espírito brincalhão de Lalá:

"Vem meu bem/ que as calças largas/ não te podem sustentar/ sem vintém/ almoçam brisas/ e à noite vão dançar" ( "Calças Largas", marcha de 1927, satirizando a moda de calças largas e paletó curto e cintado, ao estilo Príncipe de Gales, que abafou no Rio no final dos anos 20)

"Seu Voronoff/ Seu Voronoff/ numa grande operação/ faz da tripa o coração" ("Seu Voronoff", marcha de 1928, gozando uma mistura de dra. Aslan com dr. Frankenstein, célebre na década de 20)

"Israel, que hoje faz dez anos/ trabalha um palmo de chão/ planta florestas, jardins e pomares/ faz palácios que nem Salomão"("Marcha a Israel", composta de parceria com Cecília Meirelles, em 1975)

"Comer/ cachorro quente lá no bar/ por certo a moda vai pegar/ por não ser vulgar"( "Cachorro Quente", marcha de 1928, saudando a chegada ao Brasil do "hot dog")

"Quem foi que inventou o Brasil/ foi seu Cabral.../ foi seu Cabral.../ No dia 21 de abril/ dois meses depois do Carnaval"("História do Brasil", marcha de 1934, que ia em frente, falando de Peri, Ceci, feijoada e Parati)

"Não diga que o Marconi vai fazer televisão/ deixa a velhinha viver na ilusão"("Deixa a Velhinha", marcha de 1934, na qual Lalá, além de Guglielmo Marconi, inventor do telégrafo sem fio, menciona o zepelim)

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