São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994
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México nomeia comissão para conflito

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do México, Carlos Salinas de Gortari, nomeou uma comissão para "promover diálogo" com o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). Não está claro se a comissão terá poderes para negociar diretamente com os guerrilheiros. Ontem, houve mais três atentados a bomba na região da Cidade do México. Não há registro de feridos.
"A comissão terá autonomia total para avaliar as situações e problemas a serem resolvidos e vai propor alternativas e medidas para acabar, de uma maneira coordenada, com os problemas na área de conflito", disse o governo num comunicado oficial.
Os três membros da comissão são do Estado de Chiapas, sul do país. São eles: o senador Eduardo Robledo, do PRI (Partido Revolucionário Institucional, o mesmo do presidente Salinas); o escritor Eraclio Zepeda; e o antropólogo Andrés Fábregas Puig. Todos aceitaram a tarefa.
Os rebeldes teriam proposto três mediadores, incluindo a índia guatemalteca Rigoberta Menchú, vencedora do Nobel da Paz de 92. A informação, publicada pelo jornal "Sintesis", não foi confirmada pelas autoridades.
O EZLN começou a atuar há dez dias, em Chiapas. Os rebeldes indígenas declararam guerra ao governo mexicano e ao Nafta (tratado de livre comércio firmado entre México, EUA e Canadá), que eatrou em vigor no dia 1.º. Eles atacaram em seis cidades e sofreram dura repressão do Exército. Pelo menos cem pessoas já morreram –a igreja afirma que os mortos podem ser mais de 400.
Os três atentados de ontem foram contra uma base militar em Naucalpan, região metropolitana da Cidade do México, torres de abastecimento elétrico e um gasoduto, todos sem vítimas. O atentado com um carro-bomba na Cidade do México, no sábado, foi reivindicado pelo Partido Revolucionário Operário Clandestino União do Povo (PROCUP). Há dois anos, o grupo foi acusado de atacar empresas norte-americanas instaladas no país.
Na madrugada do domingo, um prédio do governo federal em Acapulco foi atacado com uma granada, sem feridos. Os ataques podem ser sinal da movimentação dos zapatistas para o centro do país. Próximo ao local onde o carro-bomba explodiu no sábado, uma pichação dizia: "chegamos".

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