São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 1994
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Guimarães promete ir à Justiça

DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado Nelson Guimarães afirmou que apresentará uma "medida judicial" contra o presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O mais provável é uma interpelação judicial, para que Lula confirme ou não as declarações. "Tenho que saber se ele disse isso mesmo", explicou. Dependendo da resposta à interpelação, Guimarães poderá ajuizar uma ação por calúnia, injúria e difamação.
O delegado disse que investiga a morte do sindicalista com "total" isenção política. "Eu estava em férias e fui chamado pelo governador para trabalhar no caso somente porque tenho 20 anos de experiência no esclarecimento de crimes", afirmou o policial.
Guimarães foi o negociador da rendição dos sequestradores de Abílio Diniz, em 17 de dezembro de 1989 –dia do segundo turno da eleição presidencial. Após a rendição, o sequestrador chileno Segio Urtubia foi fotografado vestindo uma camiseta do PT. A Folha publicou a fotografia com exlusividade em 5 de março de 1990. "Foi aberto um inquérito para ver se a camiseta tinha sido colocada à força no sequestrador e isso não ficou comprovado", afirmou Guimarães. "Esta história de que eu coloquei a camiseta é mentira.", acreescentou.
O prefeito Paulo Maluf afirmou que "o sr. Lula não me intimida. Deus não inscreveu no meu dicionário a palavra medo". Maluf disse que não conhecia Oswaldo Cruz Júnior. 'Mas sei que ele era amigo do Lula até dois meses atrás, quando fornecia dinheiro e carro de som para as campanhas do PT". No entender do prefeito, Lula tem que explicar "quem armou o braço do assassino". Provável adversário de Lula na eleição de 94, o prefeito considerou estranho o assassinato de Cruz "10 dias antes de ele depor na polícia e entregar as todas as provas de uso criminoso do dinheiro do trabalhador para os membros do PT".
Luiz Antônio de Medeiros afirmou que foi ao enterro de Cruz porque "ali estava um trabalhador e não uma carniça". A frase foi dita em resposta a Lula, que o classificara como ave de rapina. Medeiros afirmou que desde setembro de 93 Cruz o procurara para fazer as denúncias sobre uso de recursos do sindicato nas campanhas petistas. "O que estranho é a ausência de Lula no enterro de Cruz. O crime aconteceu no quintal dele e o Lula não foi", afirmou.

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