São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 1994 |
Texto Anterior |
Índice
Casa Centro negocia participação na Ultralar
NELSON BLECHER
O processo de incorporação da rede carioca, conforme apurou a Folha, será feito através de um modelo já utilizado anteriormente pelo grupo Casa Centro. Por esse modelo, deverão ser mantidos à frente da administração os três executivos que, no ano passado, adquiriram em sociedade a Ultralar do grupo Vendex, numa operação de "management buy out" (através da qual o controle de uma empresa é transferido a ex-empregados). "Por enquanto, temos apenas fornecido eletrodomésticos, em grande quantidade, à Ultralar", afirma Heraldo Infante, diretor executivo da Casa Centro. "A experiência começou em meados do ano passado através desse fornecimento de mercadorias, quando foi levantada a hipótese de uma eventual união de esforços". A fase de teste mercadológico prolongou-se até dezembro passado. "O mercado mostrou-se receptivo", acrescenta. As negociações prosseguem, devendo evoluir para uma participação majoritária. O diretor executivo da Casa Centro negou rumores de que serão adquiridas 80% das ações. "A composição acionária ainda está em estudos", disse. Para a concretização do negócio ainda terão de ser de ser vencidas pendências remanescentes entre os sócios da Ultralar e a Vendex, antiga proprietária da rede. Procurados ontem pela reportagem, às 19h55, os sócios controladores da Ultralar não foram localizados. Com a recente abertura de pontos nos shoppings Eldorado, Paulista e Butantã, a Casa Centro saltou para 21 lojas em São Paulo e está se programando para inaugurar mais duas, em abril próximo, nos shoppings Plaza Sul e Interlagos. Disputa o mercado de eletrodomésticos com a Arapuã, Ponto Frio e Casas Bahia. Ocupa a 12ª colocação no setor de comércio varejista, segundo a publicação "Melhores e Maiores". Seu faturamento é estimado acima de US$ 200 milhões em 1993. No Rio Grande do Sul, desde meados de 1992, o Grupo Casa Centro opera a cadeia Só Eletro, com oito lojas, adquirida através da compra de uma participação de 80%. Os 20% restantes ficaram em poder do fundador, o empresário José Rezende, que continua gerindo os negócios da rede. Ao comentar a negociação em curso, o consultor Marcos Gouvêa de Souza, comentou que a concentração do fornecimento de eletrodomésticos e eletrônicos, associada à perda de poder aquisitivo dos consumidores, está resultando em "violenta concentração do varejo desses produtos". "O mérito dessa negociação é que ela poderá viabilizar a expansão através do uso de uma marca reconhecida num mercado regional importante no qual ainda não atuava o que, de outra forma, seria difícil e oneroso". Repete-se, segundo ele, a mesma estratégia de aquisições de outras redes empregada, nos anos 70, pela Arapuã, que pertence ao grupo Fenícia. "Esse processo de concentração deve acentuar-se nos próximos anos", prevê o consultor. Colaborou a Sucursal do Rio. Poucos grupos detêm mercado de sardinha 11/01/94 Autor: FÁTIMA FERNANDES CLAUDIA . FFWL KPMI kpmi . Edição: NacionalTamanho: G 604 palavrasJAN 11, 1994 Vinheta/Chapéu: \<FD:"VINHETA-CHAPÉU"\>NEGÓCIOS\</FD:"VINHETA-CHAPÉU"\> Poucos grupos detêm mercado de sardinha Quaker, Serra da Pipoca e Arisco querem as marcas tradicionais; setor movimenta US$ 100 mi por ano FÁTIMA FERNANDES A sardinha em lata, produto da cesta básica, vai em pouco tempo ser fabricada por um pequeno grupo de grandes indústrias. De olho nesse mercado –que movimenta cerca de US$ 100 milhões anuais e até pouco tempo estava nas mãos de empresas familiares–, indústrias do setor alimentício estão à caça das marcas tradicionais. Três grandes empresas prometem brigar muito por esse mercado: Arisco, Quaker e Serra da Pipoca. A Serra da Pipoca, holding controlada por José Barachisio Lisboa –até junho de 93 ele era vice-presidente da Kieppe Investimentos, empresa que cuida dos negócios do grupo Odebrecht–, por exemplo, começa a produzir neste ano a sardinha Gomes da Costa. A Gomes da Costa Alimentos S/A está instalada em Niterói (RJ). Tem aproximadamente 40 anos. Luiz Fernando Branco de Araújo, diretor comercial da Gomes da Costa, informa que a Serra da Pipoca comprou, a princípio, o direito de exploração da marca no Norte e Nordeste. William Cogo, diretor de marketing da Serra da Pipoca, diz que a empresa comprou a marca e está agora escolhendo local para construção de uma fábrica para a produção das sardinhas. "A sardinha é um negócio importante do setor de alimentos. Por isso vamos participar desse mercado". A Serra da Pipoca controla a Peixe. Branco de Araújo diz que a Serra da Pipoca "é nossa sócia". Por essa razão a Gomes da Costa vai continuar fazendo sardinhas em Niterói. Segundo ele, a empresa vai expandir a produção de 120 mil caixas para 158 mil caixas por mês neste ano. Cada caixa tem 50 latas. Cada lata tem 132 gramas. A Quaker, que comercializa a marca Coqueiro, também está de olho em empresas do ramo de sardinhas. A Folha apurou que ela negocia a compra da Pescador, marca da empresa Femepe, de Itajaí (SC). Horácio Del Nero Rocha, diretor comercial da Quaker, nega. "Estamos só de olho aberto". Segundo ele, a estratégia da empresa é crescer em todas as áreas em que atua –pescado (sardinha e atum), achocolatados, aveia e milho. "É fato que a sardinha é um dos alimentos mais presentes na mesa do brasileiro". A Quaker produz sardinha em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. Ela faz cerca de 100 mil caixas por mês. A capacidade produtiva é de 125 mil caixas mensais. A linha de pescados já representa 45% do faturamento da Quaker, de US$ 170 milhões em 93. Para dar um empurrão nas vendas, a empresa vai investir neste ano US$ 8 milhões só nesses produtos –mais da metade desse valor em promoção e propaganda. O restante vai para a compra de máquinas e pesquisa. "A nossa expectativa é a de que a nova política salarial permita aumentar entre 5% e 6% o consumo de sardinhas em lata no país em 94. O consumidor se afastou desse produto. Vamos tentar alertá-lo". A Arisco, que comprou a Beira Alta, também localizada no Rio de Janeiro, é outra que aposta no mercado de sardinhas. A Beira Alta produz entre 50 mil e 60 mil caixas de sardinhas por mês, informa Celso Ribeiro, diretor geral. Para ele, a tendência é a de haver concentração de empresas para ganhos de escala de produção. A Arisco, conta ele, está esperando modifificações no mercado –aquisições e fusões. A partir disso, pretende deslanchar planos para a sua divisão de sardinhas. A empresa quer desenvolver a marca. Com a marca Beira Alta já comercializa goiabada, marmelada, marrom glacê, molhos de tomate e palmito. Texto Anterior: Couromoda introduz novas marcas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |