São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 1994
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Corinthians é um contêiner de surpresas

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimgos, parece que o Corinthians resolveu radicalizar e fazer do futebol um contêiner de surpresas.
48h depois do anúncio atordoante da saída de Mário Sérgio, o alvinegro do Parque São Jorge anuncia, para perplexidade geral, o nome de Afrânio Riul como o técnico do seu novo time.
Afrânio Riul é um ilustre desconhecido do circuito "in" do futebol brasileiro. Mas tem um cartel respeitadíssimo de vencedor no rico interior paulista, onde se encontra, no momento, a segunda força do futebol no país.
A diretoria do Corinthias parece manter a sua estratégia de ousar na escolha do técnico. E nem teria motivos para mudá-la, porque a aposta Mário Sérgio foi plenamente recompensada.
E só o aposto de "mago da Intermediária" ostentado por Afrânio Riul já justificaria que algum grande time se aventurasse a adotar suas poções táticas.
Resta saber como ele se comportará no comando de um time de porte muito superior e com uma clientela –a torcida– que mede tanto a sua fidelidade quanto as suas exigências pela maior medida disponível.
O momento é de renovação do futebol no mundo e no Brasil. Lá fora se discutem as novas regras, por exemplo, e o futebol conquista novas praças importantes.
Por aqui, parece que há uma espécie de revolução: os métodos de administração das Federações e dos clubes estão sendo questionados, novos jogadores e novos treinadores estão sendo lançados, o público se renova de uma maneira impressionante, alegre e bonita.
Tudo isto com resultados altamente positivos para o futebol.
Quando o Corinthians escolheu o Mário Sérgio como treinador, foi bastante criticado: desde a inexperiência até a fama de indisciplinado, tudo foi usado para julgar como negativa a opção da diretoria do alvinegro.
Esta coluna disse que era preciso dar tempo ao Mário Sérgio. E Mário Sérgio mostrou o seu valor. Neste momento é fundamental continuar apostando na renovação do futebol brasileiro –com todos os riscos que uma decisão deste tipo acarreta.
Além de Mário Sérgio, Nelsinho (um dos técnicos mais modernos e ousados do Brasil), nas suas duas passagens, mostrou que o Corinthians se dá bem com os novos valores formados nos disputadíssimos torneios do interior do Estado.
Portanto, "welcome" ao círculo dos grandes, Mr. Afrânio Riul.
Verdadeira questão
Se bem que o grande problema dos técnicos no Brasil não é o de qualidade de trabalho.
E sim o da falta de uma relativa estabilidade dos homens nos clubes, para que possam apresentar resultados consistentes de médio prazo.
Não se esqueça
Nunca é demais lembrar que a figura do treinador é cada vez mais importante no futebol contemporâneo.
Quem ainda ousa citar o velho chavão que dizia "técnico não ganha jogo"?
Voracidade
Pela voracidade de gols que os teens do São Paulo estão mostrando (11 gols em dois jogos) nesta Copa São Paulo parece que o tricolor resolveu preservar em 94 uma outra disposição que vem mostrando há anos.
A voracidade de títulos.

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