São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 1994
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Descompasso

O modelo de Estado brasileiro vai-se mostrando cada vez mais inadequado e débil. Um exemplo claro desse fato é a total despreocupação com a eficiência do funcionalismo público e com a qualidade do serviço que o Estado presta à população.
Padrões mais elevados nesses campos já há algum tempo fazem parte do dia-a-dia das empresas do setor privado, seja no Brasil ou no exterior. A abertura da economia à competição externa foi, no caso brasileiro, um fator importante para acelerar essas reformas. Sabe-se que foi grande o ajuste realizado por essas empresas no sentido de eliminar "gorduras" nos custos, sob o risco de perder mercado. Por outro lado, a necessidade de melhoria do produto final também está presente na mente do empresariado. De maneira geral, quem não esteve atento a essa nova realidade se viu obrigado a fechar as portas.
O resultado foi queda nos preços e aumento de qualidade. A melhor prova disso é verificar que, mesmo após a última rodada de redução de tarifas de importações, o Brasil continua competindo bem com a maior parte dos produtos estrangeiros.
O setor público, no entanto, parece não ter percebido a importância desse ajuste, que foi tão fundamental para a própria sobrevivência das empresas do setor privado. Na esfera do Estado, não se ouve falar de esforços consistentes de redução de custos e melhoria de qualidade, nem sequer no discurso muitas vezes demagógico das autoridades.
A lição dada pelo setor privado é clara, mas a burocracia estatal, em vez de segui-la, prefere buscar o ajuste pelo caminho fácil do aumento de impostos, ampliando assim a já pesada carga que recai sobre a sociedade em geral.

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