São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Cervejarias 'nacionalizam' sua ofensiva de Carnaval

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário dos últimos três anos, quando demarcaram sua ofensiva carnavalesca entre as praças de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, as duas maiores cervejarias brasileiras decidiram "nacionalizar" sua participação neste ano. Para tanto, ambas anunciaram ontem investimentos que totalizam acima de US$ 10 milhões em publicidade e eventos.
Disposta a contagiar os foliões com o clima futebolístico de 1994, a Brahma expandiu seu grito de Carnaval de São Paulo e Rio de Janeiro também para Recife e Salvador, palco da primeira festa, agendada para o próximo domingo. A marca líder das cervejas vai aplicar US$ 3,5 milhões, cifra que abrange a compra de patrocínio exclusivo das transmissões da Rede Globo, que prevê mais de 200 inserções, entre vinhetas e comerciais.
Seu "camarote número 1" da Marquês de Sapucaí, desta vez colorido de verde e amarelo, estará recheado de craques "do passado e do futuro", como promete o publicitário Eduardo Fischer. Só com o camarote a Brahma vai gastar US$ 80 mil.
Imagens de Bebeto, Raí, Zinho e Romário evocarão o "Carnaval da Copa" em outdoors, reforçando o casamento de Momo e chuteira num filme de TV. Merchandising em escala suficiente para encher dez Maracanãs –15 milhões de cartazes e peças– serão distribuídos em mil bailes de 16 Estados. O hino "mais um, mais um" será irradiado em cerca de 120 emissoras.
Já a Antarctica, que concentra esforços nos pontos de venda para recuperar terreno perdido, vai lançar dois milhões de latas com motivos carnavalescos em versões diferentes no Rio de Janeiro, Recife e Salvador. Prevê investir US$ 5 milhões somente na veiculação de comerciais. Outros US$ 2 milhões serão destinados a ações promocionais, como o patrocínio de blocos em vários Estados.
Não está computado na conta do Carnaval da Antarctica o custo dos shows de Daniela Mercury, em Salvador, e das 30 apresentações que Jorge Ben Jor, o garoto propaganda dos filmes veiculados pela companhia, completará até março pelo país.
O dinheiro desembolsado pelas cervejarias nesta época é desproporcional ao volume de vendas, como admite o publicitário Fischer, que também anunciou ontem uma verba de mais US$ 3 milhões a ser empregada em merchandising e publicidade da Skol, outra marca da Brahma, durante o verão. A companhia vai repetir em 1994 sua verba anual de US$ 25 milhões.
"Estimamos um crescimento de 15% em relação ao total comercializado em fevereiro de 1993", diz Paulo Pereira, diretor comercial da Antarctica, que ataca com agressividade as gôndolas de supermercados e bares por meio de uma estratégia de descontos promocionais que alcançam 20%.
Para as duas companhias, no entanto, os dividendos institucionais do Carnaval são relevantes na disputa de um mercado de 5,5 bilhões de litros anuais. Para se ter uma idéia, 70% da verba da Brahma será consumida no período de janeiro a junho.
Depois de enfrentar uma temporada de seca, há dois anos, as vendas da bebida voltaram a crescer, em cerca de 10%, em 1993. Com a rima Carnaval e futebol na boca do consumidor, a expectativa é que as vendas cresçam o dobro este ano.

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