São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 1994
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Nasce uma candidatura?

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Discretamente, arma-se na cúpula do PSDB uma alternativa à sucessão presidencial: o senador Mario Covas. O senador sabe da articulação, mas, por enquanto, surge apenas como candidato ao governo de São Paulo, onde lidera com folga as pesquisas de opinião.
Entre dirigentes do PSDB, existe a convicção de que, caso o partido o encare mesmo como a melhor opção presidencial, Covas abandonaria suas pretensões e entraria na disputa pelo Palácio do Planalto.
A incógnita básica é se o ministro Fernando Henrique Cardoso sai ou não candidato à Presidência. Ele já fez saber a Covas estar disposto a permanecer no governo ou disputar a reeleição ao Senado –seu destino está atrelado ao plano econômico, capaz de desgastá-lo ou fortalecê-lo. Os números, até aqui, não ajudam sua candidatura.
Na cúpula do PSDB, são analisados supostas vantagens de Covas. A primeira delas é sua força em São Paulo, a maior cesta de votos do país. Depois, ele tem experiência administrativa, por ter sido prefeito –esse fato serviria para contrastar com Lula que, até agora, ainda não ocupou cargo no Executivo.
Os tucanos apostam que terão bom desempenho em minas de eleitores como Rio, Bahia, Ceará. Articula-se discretamente um apoio do governador Hélio Garcia, do PTB, em Minas Gerais.
Dirigentes tucanos dizem torcer para que Orestes Quércia sair mesmo candidato à Presidência. O PMDB abriria fendas, e alas como a gaúcha (Pedro Simon e Antônio Britto) e a paranaense (Requião) acabariam engrossando a campanha do PSDB.
Essa soma de fatores garantiria a Covas, calculam dirigentes tucanos, chegar pelo menos ao segundo turno para enfrentar Lula. Na reta final, o senador atrairia por "inércia" eleitores do PPR, PMDB e PFL.
Se o plano econômico for bem, apresentando algum resultado no fim de março, prevísivel que Fernando Henrique Cardoso ganhe (e muito) espaço. Mas se for mal, até que ponto vai contaminar todo o partido?

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