São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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Retorno do capital torna-se negócio lucrativo

NILTON HORTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O retorno dos dólares depositados no exterior tornou-se um negócio lucrativo ao setor financeiro. A criatividade, mais uma vez, domina a montagem dos produtos oferecidos aos interessados no transporte do capital depositado no exterior.
A mais corriqueira: os dólares são aplicados em uma instituição financeira que tenha sede lá fora e, depois, "emprestados" ao seu dono no Brasil. Trata-se de um empréstimo do mesmo dinheiro, ao mesmo dono. O dólar só troca o lado do bolso.
Com os cruzeiros, o brasileiro pode fazer o que quiser. Mas seu objetivo é o de ganhar a taxa de juros praticada no mercado interno. Ele pode faturar juros de 25% ao ano, contra os 3% lá fora. Uma diferença que acaba rendendo alguma coisa como 17% ao ano, depois de pagar todos os impostos.
Outro produto que faz sucesso na comunidade de brasileiros com dólares no exterior é conhecido como empréstimo alavancado. O cliente compra, digamos, US$ 1 milhão em eurobônus da Petrobrás e ganha 10% ao ano de juros. A compra é feita com dinheiro emprestado pelo banco onde mantém seus dólares depositados.
Há outra variante. Ele pode dar como garantia ao banco um outro lote de títulos, por exemplo títulos da dívida externa brasileira, para abrir uma linha de crédito junto ao banco. Com este dinheiro, compra mais eurobônus da Petrobrás.
Os bancos criaram, ainda, os fundos de renda fixa para capital estrangeiro, aplicação que o governo cobra 5% de IOF. Por causa do tamanho da taxa de juros no mercado doméstico, mesmo assim, o cliente consegue excelente lucro.
O ingresso direto nas Bolsas, compra de eurobônus e outros papéis brasileiros tornaram-se as opções mais conservadoras para este dinheiro depositado no exterior.
Os administradores de recursos montam as carteiras de investimento dos brasileiros com a seguinte composição: 50% do capital em títulos de países industrializados (risco zero, portanto), 25% em eurobônus e outros papéis de renda fixa da América Latina e mais 25% nas Bolsas destes países.
A Merrill Lynch, maior corretora americana, com ativos de US$ 550 bilhões, 40 mil funcionários e mais de 6 milhões de clientes, está recomendando o aumento da participação dos países da América Latina na lista de investimentos.
Segundo Paulo Vasconcelos, vice-presidente da Merrill Lynch, que orienta os investidores que desejam aplicar no Brasil desde Nova York, onde está a sede mundial da instituição, há muitas oportunidades de ganho. Suas recomendações, no momento, são a compra de ações da Vale do Rio Doce, Telesp e Cemig. Hoje, a Merrill Lynch acompanha 8 empresas brasileiras, mas vai ampliar o leque para 20 companhias até o final do ano.(NH)

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