São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 1994
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Pressão é o terror do mergulhador inexperiente

TEREZA CRISTINA GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Erros técnicos e desconhecimento dos riscos envolvidos no mergulho podem causar doenças com consequências sérias. Mergulhar, além de bom para a saúde, por se tratar de uma atividade física, permite o acesso a um mundo desconhecido de beleza. Mas para mergulhar de maneira segura é preciso orientação especializada.
Existem três tipos de mergulho. O livre é quando a pessoa acumula a maior quantidade possível de ar dentro dos pulmões e vai para a água. A profundidade e tempo de duração dependem da técnica e preparo físico do mergulhador.
O mais praticado pelos "não-iniciados" é o mergulho com snorkel. Não exige treinamento e através da máscara a pessoa pode admirar a flora e a fauna marítima. Deve ser feito em locais rasos e condições ideais de maré.
O mergulho autônomo é o realizado com aparelhos que carregam ar comprimido ou outras misturas gasosas que permitem ao mergulhador respirar embaixo da água. É o mais arriscado.
Os problemas estão relacionados a respirar gases a altas pressões. No ambiente, a pressão é de uma atmosfera. A cada dez metros de profundidade, aumenta mais uma atmosfera. Isso "força" o tórax para dentro de forma que a expansão dos pulmões só é possível se o ar também estiver sob pressão.
O ar dos tanques tem os mesmos gases que o ar natural. O que acontece é que alguns gases, como o nitrogênio, que não têm função no organismo e são normalmente eliminados pela respiração, em altas pressões entram nas células e não são totalmente expelidos.
Se o mergulhador retorna à tona muito rápido, o nitrogênio das células se transforma em bolhas que pressionam os órgãos e entopem os vasos sanguíneos, impedindo a circulação do sangue. É a chamada doença descompressiva.
"Existem tabelas que relacionam tempo de mergulho e profundidade. Elas mostram com segurança quanto tempo o mergulhador deve ficar em menores profundidades e quantas paradas descompressivas deve realizar antes de chegar à superfície", explica Jorge Hallak, especialista em mergulhos de caverna.
Outro possível problema é a embolia traumática pelo ar. Se o mergulhador não vai soltando o ar durante a volta à superfície, o ar dos pulmões é eliminado com muita força e forma bolhas na circulação que entopem os vasos.
Os sintomas dessas doenças são variáveis em extensão e gravidade. Podem afetar apenas articulações e causar dor, mas podem atingir o sistema nervoso causando paralisias, coma e morte, se não tratadas a tempo. Qualquer pessoa que queira mergulhar deve se submeter a testes de saúde e cursos especializados.

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