São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jorge Ben faz o Morumbi cair no samba

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

Jorge Ben Jor faz o mesmo show há 30 anos, tempo bem maior do que a idade da grande maioria do público presente ontem no Morumbi. Isso significa que a maior parte das pessoas tem sido bombardeada por "infos Ben" antes mesmo de ter nascido, ainda no DNA. Quando a platéia se levantou para sambar "País Tropical", no meio do show, estava seguindo o código genético, reagindo por instinto.
Ainda assim, se um crítico musical marciano baixasse no estádio naquele momento, iria adorar. Ben é sempre igual e bom. É a prova de que não existe a tal "linha evolutiva" na MPB. Ele pode pôr para pegar a mulher do 22 ou chamar o boi de metaleiro. Mas nunca evoluiu.
Curiosidade: nem nas lentas os isqueiros se acenderam nas arquibancadas. Por não cantar "Stairway to Heaven", Robert Plant talvez tenha calado para sempre os isqueiros no Morumbi.
Quem pula não acende e Ben Jor não foi prejudicado pela falta do gesto tradicional de combustão. Os metais da banda desafinaram um pouco no início, mas logo entraram em sintonia com o espetáculo. Como ratos encantados por um Pavlov do funk, o público cantou a capela "Chove, Chuva" (sucesso de 1964!) e repetiu os volteios via-Anchieta da bailarina Mariana. Quieto com seus dedos de ritmista incomparável, Ben se emocionou com o Morumbi. Afinal, foi a noite de glória de quem nunca saiu do lugar. (Luís Antônio Giron)

Texto Anterior: Leitor reclama de demora da CEF
Próximo Texto: Skank faz "show simpatia"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.