São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 1994
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Super Xuxa e supervirgem se enfrentam

DA REDAÇÃO

SUPER XUXA CONTRA O BAIXO-ASTRAL. Globo, 14h. Brasil, 1988, 86 min. Direção: Anna Penido, David Sonnenschein.
O dia é das louras campeãs do marketing: Xuxa e Doris Day. A tarde, entra Xuxa, de longe o principal produto da TV brasileira desde as novelas. A construção de sua imagem inclui a mente limítrofe e a ambiguidade sexual.
Essa mistura perversa de infantilismo (trajes, voz, penteado etc.) e erotismo adulto (passado de "cover girl" da revista "Playboy") criaram uma figura única, apesar dos inúmeros clones que gerou –e não será por acaso que uma delas se chama Angélica.
Xuxa é, no mais, uma destilaria de bons propósitos vazios. Neste "Super Xuxa", ela pretende, com a ajuda dos baixinhos, criar um mundo melhor. Mas, do outro lado, está o vilão Baixo Astral, que pretende instaurar o baixo-astral no mundo. A indescritível futilidade da idéia corresponde uma produção idem, com cara de publicidade esticada.
O interessante, por hoje, é o encontro de Xuxa com Doris Day. Doris fez a vida em Hollywood e teve sua posteridade arruinada pela insistente construção da imagem de moça exemplar, dona-de-casa ou, eventualmente, supervirgem, transbordante de inocência.
Podia transcender esses limites, e ao vê-la, Xuxa poderia ganhar com isso: havia em Doris um quê moleque capaz de fazer toda a diferença entre a imagem artificial –posada demais, muito "top model"– e um ser vivo. Porque Xuxa tem qualidades de estrela, de que explora apenas a superfície. (Inácio Araujo)

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