São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 1994
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Espaço para caras novas

A pesquisa Datafolha sobre o perfil ideal do candidato à Presidência mostrou pequenas mas significativas mudanças em relação ao mesmo levantamento publicado por esta Folha em abril do ano passado. Essa ligeira alteração do perfil da opinião pública é importante por estar relacionada ao fato lamentável, ainda que muito compreensível, de que é crescente a degradação da imagem dos políticos. Em relação à pesquisa de 1993 aumentou em cerca de 50% o número dos eleitores que prefeririam ver no Planalto um novato na política, apesar de ainda serem maioria aqueles que optariam por homens públicos experimentados.
Essa mudança nas preferências torna-se ainda mais relevante se levado em conta que permanece constante o considerável número de eleitores que prefere candidatos não ligados aos partidos –56%. E na hora de marcar o x na cédula eleitoral, 44% dos 90,2 milhões de brasileiros aptos a votar estarão pensando mais na pessoa do presidenciável do que no partido ao qual ele pertence. Uma fatia mínima de 7% dos pesquisados leva em conta a sigla em que vota. Ou seja, a associação desses dados sugere que começa a aumentar o espaço para um "outsider" na disputa pelo mandato máximo do país.
A pesquisa mostrou também que, como era esperado, 52% dos eleitores ouvidos consideram a crise da economia como o principal problema a ser enfrentado pelo próximo presidente. Significativo é que, em relação a 93, dobrou a fatia do eleitorado que considera tarefa primordial do próximo governo o combate à miséria, fato que pode ser em parte creditado ao sucesso da campanha contra a fome.
Em suma, a pesquisa confirma os dados já conhecidos sobre a má imagem dos políticos. Isso só vem reforçar a necessidade de que se leve até o fim a "operação mãos limpas" –mesmo que não venha a preferir uma cara nova, o eleitorado quer ver no Planalto um presidente de cara limpa.

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