São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994
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Depoimentos não esclarecem o crime

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Depoimentos só aumentam dúvidas sobre crime
Doze dias depois do assassinato do sindicalista Oswaldo Cruz Júnior, a polícia tem mais dúvidas que certezas sobre o caso. Os principais pontos não esclarecidos são a eventual existência de mandante, a atuação de José Carlos de Souza, o Carlinhos, e as razões do assassinato. Uma das únicas certezas é a autoria do crime, atribuída a José Benedito de Souza, o Zezé, que está foragido.
"A cada depoimento temos a impressão de que o crime é outro", afirmou ontem o delegado Nelson Guimarães, que preside as investigações. "Alguém está faltando com a verdade", acrescentou. Em sua opinião, não é possível que "todos tenham visto o mesmo fato de formas tão diferentes". Até agora foram tomados 11 depoimentos.
Para agravar a situação, as investigações deverão sofrer um atraso de uma semana. Os depoimentos previstos para ontem não foram realizados porque as pessoas intimadas pediram para ser ouvidas em Santo André, onde residem. Guimarães acredita que o mesmo pedido será apresentado pelas outras pessoas que deveriam ser ouvidas até sexta-feira, a maioria ligada ao novo presidente do Sindicato dos Condutores Rodoviários do ABC, Cícero Bezerra da Silva.
Em razão disso, o delegado decidiu apresentar novas intimações na segunda-feira e se transferir para Santo André a partir da próxima quarta-feira.
Contradições
Uma das principais contradições diz respeito à participação de Carlinhos, que estava com Zezé na sala de Cruz no momento do crime. Ele passou a ser suspeito de cúmplice do assassinato após o depoimento de José Basílio dos Santos, que afirma ter assistido o assassinato. Basílio sustenta que Carlinhos impediu Cruz de fugir antes de Zezé começar a atirar.
Na terça-feira, o diretor do sindicato Cícero Novaes disse que Carlinhos saiu da sala logo depois de Zezé. No mesmo dia, o outro diretor Luiz Carlos Torres afirmou que Carlinhos tentou socorrer Cruz após Zezé ter abandonado a sala.
O motivo do crime também não está esclarecido. O grupo ligado ao sindicalista morto insinua a existência de razões políticas e acusa os partidários de Cícero Bezerra da Silva. O grupo do novo presidente sustenta que o assassinato foi provocado por desentendimentos pessoais entre Cruz e Zezé. Guimarães já afirmou que acredita na existência de um mandante do crime. Porém, até o momento a suspeita não foi comprovada.
O pedido para que os depoimentos de ontem fossem realizados em Santo André foi apresentado pelo advogado José Wilmar da Silva, que representa o sindicato. Deveriam ser ouvidos Lourival Aparecido Lima de Resende, Erivan Vicente Moura e José Wagner. Também deveriam depor até sexta José Carlos dos Santos, o Zezinho, Alexandre dos Santos Jarilde, Carlos Roberto Pinto da Silva e Benício da Silva Araújo. Os quatro estariam no sindicato no dia do crime.

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