São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994
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Fleury gasta mais US$ 63 mi em obra

Verba é necessária, diz Eletropaulo

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A diretoria da Eletropaulo (Eletricidade de São Paulo) aprovou no mês passado uma operação que pode fazer o contribuinte paulista desembolsar mais US$ 63 milhões para pagar uma das obras mais caras e questionadas do governo do Estado: o prédio que será usado como futura sede da estatal, na avenida Juscelino Kubitschek.
Planejado durante a campanha eleitoral de 1990, na gestão Quércia (87-91), o contrato da obra foi assinado 12 dias após Fleury assumir o governo, em março de 91, com a empreiteira Andrade Gutierrez. O orçamento inicial previa gastos de US$ 117 milhões. Agora, conforme operação já aprovada pela direção da estatal –um aditamento no contrato– o prédio incorpora mais US$ 63 milhões.
A futura sede da Eletropaulo foi considerada uma obra cara, com preços acima do padrão, por procuradores do Ministério Público. Inquérito aberto em 91 pelo MP (Ministério Público) paulista investiga a seguinte comparação de custos: cada metro quadrado da obra, de acordo com o projeto inicial, ficaria por US$ 1,361 mil –o preço de mercado para construções semelhantes, na mesma área da cidade, seria de no máximo US$ 800.
Além disso, enfrenta a acusação de ser uma obra desnecessária, pelo fato de o Estado possuir dezenas de imóveis com possibilidade de abrigar os funcionários da empresa.
O inquérito tem andado lentamente no MP. Até hoje, quase três anos depois, não foi feita sequer a primeira perícia técnica para avaliar a questão do preço da obra.
O Ministério Público terá ainda um problema novo daqui para frente: a Eletropaulo e a Andrade Gutierrez fizeram alterações no projeto original da construção. O fato é que o governo fez a concorrência para um prédio e está levantando outro totalmente diferente.
O contrato da construção da futura sede da Eletropaulo foi planejado e assinado por Alfredo Almeida Junior. Alfredinho, como é conhecido entre empreiteiros e políticos paulistas, responde a processo por enriquecimento ilícito e sonegação.
Outro lado
A Eletropaulo confirmou, por intermédio da sua assessoria, que o aditamento de US$ 63 milhões foi aprovado na diretoria da estatal e será encaminhado para avaliação do Conselho das Energéticas.
Segundo a empresa, o aditamento é necessário para a continuidade da obra, hoje paralisada. A estatal nega que os preço da obra esteja acima do padrão e diz que as alterações no projeto da construção foram feitas para que o prédio abrigue o Centro de Processamento de Dados da Eletropaulo.

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