São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994
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Restaurantes já começam a evitar cartões de crédito

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento dos juros está levando restaurantes de São Paulo a torcer o nariz para cartões de crédito. Os proprietários alegam que o prazo de 28 dias para pagamento pela administradora e as taxas de administração devoram o valor que deveriam receber.
Luiz Augusto dos Anjos, dono do Tambaqui Grill, no centro de São Paulo é um exemplo. No começo, chegou a cobrar 20% de acréscimo nos pagamentos com cartão –em meados do ano passado, "quando a inflação estava em 28%". Há três meses desistiu. Desde então, aceita cheques pré-datados para até sete dias, conforme o valor e o cliente.
No Don Carlini, na Mooca (zona leste), o proprietário Arthur Carlini oferece há quatro meses 30% de desconto para quem paga à vista. Pretende aumentar o percentual, se a inflação subir mais. "Se eu quero o dinheiro à vista, tenho que pagar por ele", diz. Dois terços dos clientes pagam à vista. "Antes era o contrário."
Serafim Novaes, um dos sócios do Grill 23, diz que não deixa de aceitar cartões, mas está pondo dinheiro do próprio bolso para não afetar a clientela. Espera que a inflação caia. Segundo ele, 92% das contas são pagas com cartão.
No Le Bistingo (Jardins, zona Sul), Michel Thenald adotou uma estratégia diferente: elimina os cartões conforme as taxas cobradas pela administradora. Recentemente tirou o American Express da lista. Segundo ele, a taxa de administração varia entre 20% e 28% do valor da venda. "Até 20% eu aguento. Mais que isso tenho que cortar". (EBe)

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