São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994
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Huston estréia com clássico

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

RELÍQUIA MACABRA. Globo, 1h.
EUA, 1941, 100 min. Direção: John Huston.
Em seu primeiro filme, John Huston fez a adaptação definitiva de "O Falcão Maltês", de Dashiell Hammett (a terceira para cinema), lançou a questão que frequentaria boa parte de seus filmes (a da grande aventura em torno de nada) e fixou Humphrey Bogart como ator de ponta.
"Relíquia Macabra" até hoje é, apesar de seu incômodo título brasileiro, uma espécie de parada obrigatória e um referencial maior do filme noir. O elenco é soberbo de alto a baixo, com a exceção de Mary Astor: com um estalar de dedos seria possível achar umas duas dúzias de heroínas mais a calhar para o papel.
O roteiro não desmente o livro. A trama é intrincada, envolvendo pessoas que desaparecem, tipos dúbios (como Peter Lorre), detetives drogados (Bogart/Sam Spade em pessoa). Mas "Relíquia" ainda é –antes de qualquer outra coisa– um exercício de roteirista, que controla muito bem os elementos no papel, mas frente à câmera empenha-se sobretudo em ilustrar o texto (ilustrar bem).
Perguntado sobre o filme, Howard Hawks (para quem Huston havia sido roteirista) respondeu à sua maneira evasiva: "Eu disse a ele que quando se dirige não convém escrever o roteiro". Ou, em outras palavras, nesse filme de diálogos geniais, faltou algum diálogo para que chegasse a ser notável. (Inácio Araujo)

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