São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994
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Mercado de arte cresce em relação a 92

HUMBERTO SACCOMANDI
DE LONDRES

O mercado de arte mundial voltou a crescer em 1993, apesar de ainda estar longe da bolha de consumo do final dos anos 80. As principais casas de leilão do mundo estimam que o crescimento continuará este ano, mas moderado, sem chegar perto das cotações atingidas em 1990. Impressionistas e modernistas lideraram o mercado no ano passado.
O balanço de 1993 é curioso. Por um lado, parece ter acabado a recessão que começou em 1990. O índice DT Art 100, um dos principais do Reino Unido, aponta um crescimento do mercado de arte de quase 10% em relação a 1992, o primeiro aumento em quatro anos. Por outro lado, o mercado voltou a níveis de meados de 1987.
Esse crescimento é ilustrado pelo aumento do movimento das casas de leilões, um importante indicador do mercado. A Sotheby;s vendeu US$ 1,32 bilhão em 1993, um crescimento de 17% em relação a 1992. "Pinturas impressionistas e modernistas, e jóias foram responsáveios por quase todo o nosso aumento de vendas no ano", afirmou Michael Ainslie, diretor-executivo da Sotheby;s.
Um dos maiores sucessos da temporada foi a venda do quadro "Les Pommes Grosses", uma natureza-morta de Cézanne, que atingiu US$ 28,6 milhões em maio em Nova York, na Sotheby's. Um valor muito aquém do recorde de US$ 82,5 milhões pago pelo japonês Ryoie Saito por um Van Gogh em 1990.
"Nós vendemos 88 lotes a mais de US$ 1 milhão cada em 1993, contra 70 em 1992 e 51 em 1991. A crescente confiança dos vendedores no mercado levou a uma notável melhoria da qualidade dos trabalhos oferecidos", disse Ainslie. Quando os negócios vão mal, os proprietários não se arriscam a colocar à venda obras de grande valor e qualidade.
O ano passado foi caracterizado por altos e baixos. Entre as surpresas positivas está uma fotografia de Alfred Stieglitz, vendida a quase US$ 400 mil, tornando-se a fotografia mais cara já arrematada. As jóias também tiveram um desempenho recorde.
A principal decepção foi talvez a arte contemporânea, especialmente o hiperinflacionado mercado de artistas norte-americanos do pós-Guerra. Segundo muitos especialistas, a queda nas cotações demonstra que esse segmento é muito sujeito a modismos e cultos pessoais. Para os europeus, um quadro de um pintor vivo não pode nunca atingir a cotação de uma grande mestre do passado.
Entre as curiosidades de 1993 está o aumento de leilões de objetos variados, como roupas íntimas de grandes personalidades ou relíquias do programa espacial soviético. O Oscar de Vivien Leigh por sua participação em "...E o Vento Levou" foi vendido por US$ 563,5 mil, recorde para qualquer objeto de Hollywood. Mas isso já está fora do domínio tradicional da arte.

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