São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994
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José Carlos lamenta falta de mais provas

Economista "ouvirá" transmissão da CPI hoje

INÁCIO MUZZI
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

Três meses e seis dias após fazer as denúncias que implodiram o esquema de corrupção na Comissão de Orçamento, o economista José Carlos Alves dos Santos, ouvido em sua cela na Polícia Federal, lamenta que a CPI não tenha encontrado provas para respaldar algumas de suas convicções. Entre elas, cita o envolvimento do senador Mauro Benevides (PMDB-CE), do ex-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República Henrique Heargreaves e do deputato Ubiratan Aguiar (PSDB-CE).
Bíblia
" Eu não os vi ganhando dinheiro, mas presenciei reuniões de que participaram e sempre soube que sabiam de tudo o que se passava", afirmou. Calmo, apegado a uma bíblia que ganhou de sua ex-amante Crislene Oliveira, o economista louva o trabalho da CPI, embora ache que ela "produziu alguns favorecimentos, deixando de aprofundar a investigação sobre alguns suspeitos", disse.
Decepção
Esta ponta de decepção não tirou porém, o desejo de José Carlos de acompanhar as transmissões de hoje da Comissão Parlamentar de Inquérito, através de sua televisão ortátil, de bateria recarregável. Como lhe disseram que o tempo de vida da bateria é maior, com o aparelho transmitindo apenas o som, ele "ouvirá" a CPI, deitado em sua cama, na cela de 5 metros por 4.
Herói
Garante que não há perigo de se sentir um herói, nem mesmo quando a voz de Roberto Magalhães pedir a cassação de mandatos. "Sei que minha atitude tem seu lugar na história do país. Mas eu não estava procurando isso. Contei tudo num momento de catarse, para me livrar de um enredo. No máximo, o que eu poderei sentir é uma vaidade sofrida, muito sofrida."

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