São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994
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Relatório final pede cassação para 17

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os relatores Roberto Magalhães (PFL-PE) e Roberto Rollemberg (PMDB-SP) decidiram pedir a cassação de 17 parlamentares. Dos 43 congressistas citados, o relatório final solicitará às Mesas da Câmara e do Senado que prossigam a investigação sobre seis. São parlamentares contra quem não foram encontradas provas concretas de envolvimento em corrupção, mas há indícios de irregularidades, principalmente com relação ao Imposto de Renda. Os que saíram ilesos da investigação somam 16.
Até as 19h, Magalhães não havia decidido o destino de dois deputados. José Carlos Aleluia (PFL-BA), que até anteontem estava na lista dos cassados, pode ser enquadrado na categoria dos que continuarão sendo investigados. Já Pedro Irujo (PMDB-BA) estava entre a continuação das diligências ou um atestado de que nenhuma prova concreta foi encontrada contra ele. Um nome foi incluído ontem na lista de pedidos de perda de mandato: o suplente Féres Nader (PTB-RJ). A cassação de Nader só foi decidida na madrugada de ontem, após horas de discussão regimental entre Magalhães e seus assessores. Havia dúvidas se é possível pedir a cassação de um suplente –que, consequentemente, está sem mandato, mas que pode consegui-lo se o titular sair do Congresso. Nader é suplente de Fábio Raunheitti, que teve sua perda de mandato requerida.
O pedido de cassação de Aleluia foi sugerido pela Subcomissão de Emendas. "Nós conseguimos identificar que o parlamentar era um despachante da empreiteira Norberto Odebrecht", afirmou o deputado Sérgio Miranda (PC do B-MG), membro da comissão. Para Magalhães, no entanto, as provas podem ser consideradas subjetivas pela Comissão de Constituição e Justiça, responsável pelo encaminhamento dos processos contra os parlamentares.
O relatório está dividido em três grandes partes. Na apresentação, Magalhães trata de conceituar temas como a ética e a honestidade. Afirma que um homem público não pode desassociar sua vida pública da privada. Cita desde antigos gregos até Ruy Barbosa.
Numa segunda parte da apresentação, Magalhães conceitua o que é decoro parlamentar. Cita vários juristas, com suas definições. Segundo o relator, são através destes subsídios que ele definiu o destino dos parlamentares.
O outro grande capítulo do relatório trata das recomendações para a mudança da estrutura dos Poderes Executivo e Legislativo. Entre as principais, estão o fim da Comissão do Orçamento e das subvenções sociais. A forma de atuação das empreiteiras no poder público é aqui relatada.
Magalhães guardou para o último capítulo a parte mais esperada: a definição do que acontece com cada parlamentar. "Se eu falasse logo no início, o povo iria embora", alegou o relator. São nestas páginas que também os governadores, ex-ministros, funcionários públicos e demais pessoas envolvidas no escândalo são relacionadas.
Critérios
A dificuldade do deputado Roberto Magalhães em terminar seu relatório deveu-se, principalmente, à falta de um critério claro para decidir sobre o destino dos parlamentares citados. As diferentes interpretações das quatro subcomissões sobre os envolvidos atravancaram o trabalho do relator.
Magalhães não teve problemas em concluir os pareceres sobre os parlamentares que se situam em dois grupos extremos: aqueles em que as provas são incontestáveis e aqueles em que não se conseguiu prova alguma. A dificuldade ficou com o grupo de parlamentares que não estavam nem de um lado nem do outro. Ou aqueles que o relator considerava "sem provas", mas que foram citados nas subcomissões com a sugestão de pedido de cassação.

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