São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994
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Poço sem fundo

Até o final do mês, o governo pretende investigar as contas de diversos fundos de pensão, segundo afirmou o ministro da Previdência Social, Sérgio Cutolo. Há suspeitas de irregularidades nesses fundos quanto ao vecente estudo do Ministério do Planejamento, segundo o qual as estatais enviaram, entre 1986 e 1992, US$ 9,4 bilhões para os fundos, dos quais –o que é pior– US$ 3,7 bilhões de forma irregular.
Esse é mais um passo no sentido de obter um maior controle sobre os gastos das estatais. Além dos discutíveis repasses das empresas públicas aos fundos, os eventuais déficits destas instituições são simplesmente cobertos com um aporte ainda maior de recursos do contribuinte.
A investigação pode, portanto, representar um avanço para tentar corrigir tais distorções, se realmente levada a cabo. Outras medidas, porém, mais radicais, podem ser tomadas no sentido de fechar esse ralo de dinheiro público. Uma idéia que merece ser discutida é, no caso dos fundos de pensão para os funcionários do setor estatal, extinguir totalmente o fluxo de dinheiro das estatais para os fundos.
Não resta dúvida, entretanto, de que o avanço do processo de privatização é a forma mais eficiente de eliminar todos esses problemas. As empresas passariam então a trabalhar com os critérios de concorrência que regem o setor privado, critérios esses que simplesmente não admitem gastos descontrolados. E os cidadãos brasileiros seriam poupados do ônus de sustentar benesses exclusivas de uma pequena casta de privilegiados.

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