São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
Próximo Texto | Índice

Para tucanos, plano enfrenta resistência maior no plenário

FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para tucanos, plano resistência maior no plenário
O PSDB, partido do ministro Fernando Henrique Cardoso (Fazenda), avalia que a vitória parcial conseguida pelo governo com o relatório da comissão da Câmara que analisou o plano poderá não se repetir no plenário do Congresso. O relatório do deputado Gonzaga Mota (PMDB-CE), aprovado anteontem, apóia o aumento de impostos e a proposta orçamentária preparada pelo governo.
Os líderes tucanos também consideram que, sem a aprovação das medidas provisórias que aumentam os impostos, não haverá condições políticas para antecipar medidas do Plano FHC, como a criação do novo indexador, a URV (Unidade Real de Valor).
A estratégia é convencer os demais líderes de que a comissão especial da Câmara, formada por parlamentares indicados pelas lideranças, representa o pensamento dos partidos. "Como ela é a expressão dos partidos, é de se esperar que sua decisão seja respeitada no plenário, afirmou à Folha o líder do PSDB no Senado, Mário Covas (SP). O senador, contudo, não está confiante na disposição do PFL e do PPR em apoiar o aumento de impostos aprovado pela comissão.
Nesta semana, os líderes tucanos e os líderes do governo na Câmara e no Senado iniciam as negociações para que o relatório do deputado Gonzaga Mota seja acatado pelas demais lideranças. "Não estamos tranquilos, pois há muito o que negociar", disse o líder do PSDB na Câmara, deputado José Serra (SP).
Para Serra, se não for aprovada a emenda constitucional que desvincula dos fundos de participação dos Estados e municípios as receitas dos novos tributos, de nada adiantará o aumento de impostos.
"Ainda não dá para ficar tranquilo. O prazo é curto e os adversários são muitos", disse Covas. Para ele, a próxima semana será decisiva para o governo, quando as MPs que tratam do aumento de impostos terão de ser necessariamente votadas. Elas não podem ser reeditadas porque a criação ou alteração de impostos só podem ser feitas no ano anterior ao de sua cobrança.
A principal resistência ao aumento de impostos é feita pelo deputado Luís Eduardo Magalhães (BA), líder do PFL na Câmara. O deputado Luís Roberto Ponte (PMDB-RS) também é um dos maiores críticos do aumento de impostos, embora não tenha o apoio da liderança do partido.

Próximo Texto: Cenário é de dúvidas a partir de fevereiro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.