São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Acusados atacam CPI e preparam defesa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os parlamentares sujeitos à cassação passarão, agora, a coletar dados e argumentos para a defesa nas Comissões de Constituição e Justiça da Câmara e do Senado, onde serão julgados as punições determinadas pela CPI.
Certo de que teria sua cassação pedida pelo relator Roberto Magalhães, o deputado Carlos Benevides (PMDB-CE) esforçou-se em demonstrar equívocos e contradições no relatório: disse que sua movimentação bancária não somava US$ 2,3 milhões, mas US$ 873 mil, contabilizados pela Subcomissão de Bancos.
O deputado João Alves (sem partido-BA) disse ontem, em fax à Folha, "não conhecer a falsa prova produzida pela CPI". "A manipulação de atos e fatos supostamente incriminatórios mostra que a CPI decidiu seguir, ao pé da letra, o roteiro para ela preparado por José Carlos Alves dos Santos, um especialista em atirar sobre os outros a responsabilidade dos crimes que praticou", afirma.
O deputado Manoel Moreira (PMDB-SP) também contestou a consistência do relatório da CPI. "Isso é coisa de um jurista de Caruaru", atacou, referindo-se ao deputado Roberto Magalhães.
Carlos Benevides (PMDB–CE) sentou-se durante a leitura do relatório ao lado do presidente da CPI, senador Jarbas Passarinho (PPR-AC), para contestar dados relativos à sua movimentação bancária. Afirmou que receberia a notícia de sua cassação "com muita tranquilidade", e que houve, na CPI, "idéias preconcebidas" contra ele.
O deputado Anníbal Teixeira (PTB-MG) procurou ontem o senador José Paulo Bisol (PSB-RS), da Subcomissão de Patrimônio, para dar suas últimas explicações. "Tive que tomar um Lexotan para não brigar com o Bisol, que tem birra comigo."
Genebaldo Correia (PMDB-BA) preferiu não comentar a votação de hoje. "Não quero manifestar opiniões antes do resultado final." Pela manhã, Correia acompanha a leitura do relatório.
O deputado Daniel Silva (PPR-MA) "nem cogita" a hipótese de cassação. "Tenho a consciência muito tranquila porque não devo nada para ninguém." Acredita que sua inocência será reconhecida em breve.
A deputada Raquel Cândido (PTB-RO) está internada desde o dia 8 por causa de uma intoxicação com medicamentos. Seu advogado, Carlos Cesário, disse que ela vai recorrer a todas as instâncias legais e políticas possíveis.
O deputado Messias Góis (PFL-SE) diz "ignorar" a inclusão de seu nome na lista dos possíveis cassados. "Meu nome não aparece em lugar nenhum, esse povo parece que tá louco."
Francisco Diógenes (PFL-AC) afirmou que a subcomissão de subvenções já o inocentou, o que torna impossível sua cassação. "Não existe nada contra mim, as pessoas devem se informar sobre a minha pessoa", disse.
Já o deputado João de Deus Antunes (PPR-RS), afirmou que foi traído pelo amigo Ivan Nunes, pastor evangélico como o deputado, para quem sempre emprestou dinheiro. Disse que defendeu uma emenda em favor da Ação Social Evangélica, dirigida por Nunes, junto ao Ministério da Ação Social. Dos US$ 63 mil liberados para a entidade, Nunes teria embolsado US$ 60 mil e depositado US$ 3 mil em sua conta.
O deputado Ézio Ferreira (PFL-AM), afirmou que "não se interessa em ouvir a leitura do relatório". Disse que vai provar sua inocência na Comissão de Constituição de Justiça da Câmara.
Já Paulo Portugal (PDT-RJ) diz estar tranquilo em relação à votação. Disse que não tem o que temer porque é um dos "deputados mais pobres do Congresso."

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