São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Fórmula sem decisão racha os jogadores e os treinadores

DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa em pontos corridos dividiu opiniões de jogadores e técnicos. A fórmula de se apontar o campeão paulista provocou desde comentários eufóricos sobre a redenção do futebol, como temores sobre um inevitável fracasso. "É a melhor forma de disputa. Premia quem se prepara desde o início do campeonato e não aqueles que só pensam em semifinais e finais", acredita o técnico do Palmeiras, Wanderley Luxemburgo.
No mesmo time, porém, há controvérsias. "Depois que algum time disparar na tabela, os estádios vão ficar vazios. Só mesmo a torcida do vencedor vai ter vontade de ir ao campo", prevê o zagueiro Antônio Carlos.
Na divergência de opiniões, há quem esteve nos dois lados. "Antes de me transferir para a Espanha, eu era grande fã da disputa de semifinais, que era mais emocionante", contou o lateral-meia Leonardo, do São Paulo. "Mas, depois de jogar pelo Valencia, percebi que havia muita emoção valorizando cada partida. Também o aspecto tático passou a ser muito mais levado a sério."
O jogador acredita que o futebol paulista pode atingir tal estágio, mas deve demorar. "E só chegará se os clubes e a torcida forem pacientes", disse.
Na mesma encruzilhada segue o preparador físico do São Paulo e da seleção brasileira, Moracy Sant'Anna. "Essa fórmula de disputa é ideal porque é mais racional. O problema é que os clubes não se preparam adequadamente para esse tipo de competição", aponta o preparador.
Segundo Moracy, é necessário o período de pré-temporada, para os clubes começarem evoluídos fisica e taticamente o campeonato. "Nesse caso, é absurdo, mas São Paulo e Palmeiras, que entraram em férias tardiamente, agora têm vantagens porque seus jogadores tiveram menos tempo para perder o condicionamento."
Esquecida desde o campeonato de 1984, quando a definição por pontos entre Corinthians e Santos só aconteceu no final do campeonato, a fórmula foi retomada na reunião do Conselho Arbitral, formado pelos presidentes dos principais clubes, em 1992. Na época, definiu-se também que o número de clubes participantes subiria para 32, divididos em dois grupos.
Precavidos, os mesmos dirigentes decidiram, em outra reunião, realizada semana passada, pela retomada do rebaixamento e ascenso, criando uma disputa paralela. O efeito imediato foi uma corrida por reforços, o que aumentou o número de negócios às vésperas do campeonato.

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