São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sistema levou à "degola" de 12 equipes da ex-1ª divisão

DA REPORTAGEM LOCAL

Sistema levou à "degola" de 12 equipes da ex-1.ª divisão
O regulamento do Paulistão-94 encobre uma das maiores degolas da história do futebol de São Paulo, acontecida no ano passado. A fórmula de 93 apresentava 30 times na Primeira Divisão e 27 na Intermediária. Neste ano, o regulamento ordenou uma nova configuração, com três divisões, denominadas séries, com 16 clubes cada. Na prática, 12 times que formavam o Grupo B do ano passado foram rebaixados para uma divisão inferior.
O ponto chave que disfarça o inchaço (agora são 32 clubes divididos nas três séries) é o não cruzamento entre as divisões, caracterizando assim a Série A-1 (formada pelos principais clubes paulistas) como uma velada Primeira Divisão. "Sempre fui criticado por não fazer um torneio com poucos clubes. Agora o campeonato não será longo, nem está abarrotado de times", disse o presidente da Federação, Eduardo José Farah.
A formação de um grupo de elite se acentua com a regulamentação, na semana passada, do rebaixamento e do ascenso, entre as séries A-1, A-2 e A-3. No entanto, para aliviar os traumas do rebaixamento e evitar complicações legais com os clubes que foram expelidos do grupo de elite, todas as três séries fazem parte do que oficialmente a federação considera Primeira Divisão.
Para diminuir a ira dos clubes classificados nas séries mais baixas, o regulamento do Paulistão 94 adere à realidade virtual. O torneio termina, mas não termina. Apurado o campeão estadual –que será o clube que mais pontos somar na Série A-1, após turno e returno–, a competição continua com mais algumas rodadas. As cinco melhores equipes da A-1 vão se juntar à vencedora do A-2 para disputar a Copa Bandeirantes.
Apesar de ter a função básica de apontar o outro representante paulista na Copa do Brasil (o outro clube será o campeão paulista), o torneio serve para legitimar a alcunha de Primeira Divisão à união das séries.
O maior problema da Copa Bandeirantes, porém, será um inevitável esvaziamento de interesse do público, provocado pela seleção brasileira e a Copa do Mundo. O técnico Carlos Alberto Parreira convoca seu time no dia 13 de maio, justamente quando se prevê a chegada do momento decisivo do campeonato, ou seja, as últimas rodadas.
Farah já determinou que todos os clubes paulistas deverão liberar os jogadores para a seleção a partir do dia 15. A medida deverá desfalcar principalmente Palmeiras e São Paulo, maiores fornecedores de atletas.

Texto Anterior: Fórmula sem decisão racha os jogadores e os treinadores
Próximo Texto: O fim da administração
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.