São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Castor se acha injustiçado com 'bicho oficial'

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

O mais poderoso dos banqueiros do jogo de bicho do Rio de Janeiro, Castor de Andrade, disse que a criação da Loto Zoo pelo governo estadual "é uma injustiça com os contraventores, que vêm tocando o jogo há tanto tempo". Para Castor, a estatização do jogo do bicho não tem futuro.
Segundo o banqueiro, que cumpre em liberdade a pena de seis anos a que foi condenado por formação de quadrilha armada, "o jogo do bicho é ligado ao lucro e ao prejuízo e o Poder Executivo do Estado vai ter de preencher as lacunas financeiras quando a banca perder".
Patrono da escola de samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel e, de acordo com a polícia, dono de centenas de pontos de bicho em todo o Estado, Castor é pai de Paulo Andrade, um dos bicheiros que ainda permanecem presos na Polinter (Polícia Interestadual).
Comunistas
"Quando o Partido Comunista foi legalizado, os primeiros a assinar a ficha de filiação foram aqueles militantes que vinham sendo perseguidos por muito tempo. No caso do jogo do bicho, deveria haver prioridade para nós, que somos vítimas de perseguições e tantas injustiças", disse o banqueiro do bicho.
Para Castor, a vinda de uma empresa americana para implementar a Loto Zoo é uma punição aos atuais contraventores. "É preciso reformular a lei, senão o governo também será contraventor". Castor de Andrade defende que o correto seria que o jogo fosse legalizado e os bicheiros continuassem na administração "pagando os impostos devidos".
Videobicho
Castor esteve ontem na 20ª Vara Criminal do Rio, onde haveria depoimentos de testemunhas de defesa dos implicados na denúncia de pagamento de propina a delegados do Rio para implantação de máquinas eletrônicas de videobicho no interior do Estado. "Essa é mais uma injustiça contra mim", disse sobre o caso.
O delegado Inaldo Santana, preso após a denúncia, disse possuir uma fita incriminando o delegado Mario Covas, autor do flagrante que o levou à prisão, em compra de testemunhas no caso Capemi, escândalo financeiro dos anos 80. A audiência foi transferida para o dia 28.

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