São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Mil Milhas promove encontro de gerações

MORAES EGGERS
DA REPORTAGEM LOCAL

A prova mais tradicional do automobilismo brasileiro promove hoje, no autódromo de Interlagos, um verdadeiro encontro de gerações. Diferentemente de outras edições, a 23ª Mil Milhas Brasileiras, que tem largada marcada para o meio-dia, não tem nos equipamentos de última geração e na tecnologia de ponta o prato principal. O cardápio do dia apresenta este ano nomes de grandes pilotos nacionais e internacionais como a cereja do sundae da competição.
O encontro está marcado para a hora do almoço e terá a duração de 372 voltas, devendo terminar após a meia-noite. Sessenta e seis carros estarão perfilados no grid, com mais de 160 pilotos se revezando no comando das máquinas mais variadas na categoria Força Livre.
A tão decantada presença de carros importados nas Mil Milhas deixa neste ano mais espaço para pilotos do quilate do tricampeão mundial de F-1, Nélson Piquet, do campeão mundial de Marcas de 87, Raul Boesel, que vai disputar o Campeonato de F-Indy mais uma vez nesta temporada de 94.
A F-1 ainda apresenta um time de ex-pilotos. Wilsinho Fittipaldi, Ingo Hoffmann e o venezuelano Johnny Cecotto. Christian Fittipaldi e Rubens Barrichello comparecem como representantes atuais dos pilotos da categoria máxima do automobilismo internacional.
O encontro de gerações acontece entre pilotos-pais e pilotos-filhos. Wilsinho Fittipaldi e Christian dividem um Porsche e o sonho de correrem juntos no Brasil pela primeira vez, na prova idealizada pelo pai-avô Wilson. "Toda a minha vida eu imaginei esse momento", confessa Wilsinho.
Christian chegou a se preocupar com as condições físicas do pai, que garantiu estar bem preparado. "Acho que correr em dupla com ele vai facilitar as coisas", disse. Christian só nasceu quatro anos depois que o pai correu pela última vez nas Mil Milhas Brasileiras.
Wilsinho quer a vitória. "Ganhei quase todas as provas nacionais de longa duração, menos as Mil Milhas. Para mim é muito importante ganhar, ainda mais junto com o Christian". Em sua última prova, em 67, ele corria em dupla com José Carlos Pace e os dois lideravam a bordo de um Karman-Guia Porsche até 20 minutos do final. A quebra do câmbio adiou a tão desejada vitória.
Além deles, outros pais e filhos transcedem paixões de casa para as pistas. O vencedor da 7ª edição, em 66, Camilo Christófaro, 65, só não disputou quatro provas e este ano vai retorna pilotando um Opala. Seu filho, Camilo Christófaro Jr., o "Camilinho", será seu rival pilotando um Ômega.
Tradicionalmente, não há preferência para ultrapassagens entre os dois. Camilão teve sua participação ameaçada pelos médicos mas não resistiu ao apelo da gasolina que diz correr por suas veias. "Na pista, não terá moleza nem para o filho e nem para ninguém. Se me deram chance, vou deixar todo mundo comendo poeira", avisa.

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