São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Londres tem lobby carnívoro

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram os hippies os primeiros a apoiar a causa vegetariana, ainda nos anos 60. Naquela década a geração da contracultura tornava-se adepta da alimentação macrobiótica, vinda do Oriente. Arroz integral, carne de soja, raízes e vegetais faziam parte da dieta da moda. A mania chegou ao Brasil nos anos 70 e incluía, entre os defensores e adeptos, Gal Costa e Gilberto Gil.
O auge da onda vegetariana aconteceu nos anos 80. Cada vez mais radicais, os vegetarianos alardeavam sua desaprovação contra a matança dos animais. Mas o posicionamento político também dava lugar ao modismo, influenciado por adesões do mundo pop. Em 1985, a banda inglesa The Smiths liderada por Morissey, vegetariano convicto, lançava o seu disco-manifesto "Meat is Murder", cuja música-título abria com um som de uma vaca mugindo.
Em seguida foi a vez de Chrissie Hynde, líder e vocalista dos Pretenders, também ingleses, que proibia hambúrgueres e hot-dogs em seus shows, ameaçando não se apresentar. Foi ela também que declarou que gostaria de ver todos os McDonald's destruídos por bombas. Arrependeu-se quando fãs resolveram seguir seu conselho e destruir uma loja da cadeia americana em Londres.
Os anos 90 se preparam para assistir a uma guerra acirrada entre vegetarianos e produtores de carne. Na Inglaterra, há um lobby de produtores de carne contra os vegetarianos. O objetivo é provar os benefícios da carne vermelha para a saúde –e, claro, vender mais. Ao custo de US$ 3 milhões (cerca de CR$ 1,2 bilhão), eles acabam de lançar por lá a campanha 'Carne para Viver' (Meat to Live).

Texto Anterior: Carne vermelha volta à mesa sem culpas nos anos 90
Próximo Texto: Região de frigoríficos é bairro da moda em NY
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.