São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994 |
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Região de frigoríficos é bairro da moda em NY
GUTO BARRA
Seria uma mistura mais radical entre o SoHo –região de artistas e descolados– com o Village –bairro jovem e boêmio. Mas no Meat District as ruas são feias, de aparência pobre e sem glamour, povoada por gente diferente –para dizer o mínimo–, travestis, prostitutas, modernos e clubbers. Se é assim, qual a graça? Exatamente a mistura que dá o tom de Nova York como um todo. O fenômeno do bairro começou pelo mesmo motivo de sempre, que também povoou o SoHo: os aluguéis são baratos, considerando-se o tamanho dos espaços em questão, atraindo artistas plásticos para seus lofts (apartamentos com pé direito alto, poucas divisórias, que podem combinar estúdio e moradia). Com a vantagem de o bairro abrigar restaurantes e clubes abertos 24h ou quase. O Florent é um deles. Servindo um menu francês 365 dias (noites, melhor dizendo) ao ano, é decorado apenas por mapas, reúne os notívagos mais bonitos da cidade. A qualquer hora, está sempre lotado. O serviço também não muda: é sempre péssimo. Ninguém parece se importar. Uma das especialidades da casa é servir bebidas alcoólicas acompanhando o café-da-manhã, já que lá o horário não faz muita diferença mesmo. No espaço do número 432 da rua 14, funcionam três das mais modernas pistas de dança de NY, cada uma a uma noite diferente. Terça é o Jackie 60 com suas já lendárias performances; sexta é o clube gay feminino Clit Club, onde homens só entram acompanhados; sábado é a noite gay masculina do Meat (carne, em homenagem ao bairro e ao clima da festa). O povoamento das ruas do Meat Market District provém dos anos 80, quando os quatro andares do clube Mars atraíam para lá os mais modernos da cidade. Hoje, a região ficou mais popularizada mas ainda mais underground, abrigando desde "leather bars" (com público gay vestido predominantemente em couro) ao clube sadomasoquista The Vault (na rua 14 com a Nona Avenida), também famoso por ter servido como locação para o livro "Sex", de Madonna. Assim, já dá para ter uma idéia por que até agora seus moradores escapam do padrão quase família que o SoHo e o Village adquiriram nos últimos anos. Não se vê uma criança ou turista com máquina fotográfica pelas ruas do Meat Market District. Texto Anterior: Londres tem lobby carnívoro Próximo Texto: VANESKA KLUCK Índice |
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