São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Relator aponta deficiência da CPI

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O deputado Roberto Magalhães (PFL-PE) afirmou ontem que "a CPI fracassou ao não conseguir comprovar a ligação de deputados com a empreiteira Odebrecht". "Fomos tão competentes em outras coisas e não fomos nessa."
"Nós sabíamos que havia dinheiro em jogo, chamamos os suspeitos para depor e eles negavam qualquer ligação. Não conseguimos ir mais fundo nas investigações e esse foi o grande fracasso da CPI", disse Magalhães.
A seu ver, caso a CPI prosseguisse suas atividades por mais duas semanas, poderia ser "um pouco maior" a lista dos 18 parlamentares cuja cassação foi recomendada. Mesmo assim, ele diz acreditar que a continuação das investigações pela Mesa da Câmara poderá levar outros deputados a perder o mandato.
Magalhães negou de forma categórica que tenham ocorrido entendimentos de última hora para que o relatório final excluísse deputados e senadores que, em princípio, também deveriam ser cassados.
Disse terem ocorrido imprecisões e contratempos. Em meio a exemplos genéricos, citou o caso do deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), cujos extratos bancários foram remetidos para a CPI, mas sumiram do envelope em que foram guardados, e com isso o relator não conseguiu confirmar a suspeita de que o deputado movimentava quantias superiores às suas rendas declaradas.
Roberto Magalhães disse ainda que, ao iniciar as investigações há três meses, não suspeitava que se pudessem reunir provas para propor a perda de mandato de tantos parlamentares. "Não que 18 seja significativo em si, mas corresponde a 40% daqueles que foram investigados."
Em termos de balanço, o relator disse que os 11 nomes de "cassáveis" que lhe foram encaminhados pela Subcomissão de Bancos já constavam da sua lista, que a Subcomissão de Subvenções propôs cinco para cassação e ele acrescentou um sexto, e que a Subcomissão de Patrimônio preparou um relatório descritivo, sem especificar, entre os investigados, aqueles que teriam quebrado o decoro parlamentar.
Daqui para frente
Magalhães disse não ter definidas as próximas etapas de sua carreira. Ele afirma que pode tentar se reeleger deputado federal. As duas opções seguintes envolvem ou disputar o governo de Pernambuco ou concorrer a uma cadeira no Senado, no quadro de um acordo com o PMDB pelo qual o governo do Estado seria disputado pelo prefeito de Recife, Jarbas Vasconcellos.

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