São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Passarinho quer voltar ao seu ritmo 'normal'

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Com o fim da CPI do Orçamento, o senador Jarbas Passarinho (PPR-PA) pretende retomar seu ritmo "normal" de vida. Nos 94 dias que a CPI durou, ele foi obrigado a modificar seus hábitos: deixou de caminhar, leu menos livros, almoçou poucas vezes em casa e, pela primeira vez, pagou contas com atraso.
A única atividade que manteve praticamente inalterada foram as visitas semanais ao túmulo de sua mulher, Ruth, que faleceu em 87. Passarinho não planeja descansar. "Agora eu vou me engajar na revisão constitucional", afirma. Nesta semana, vai reunir-se com o relator do Congresso revisor, deputado Nelson Jobim (PMDB-RS), para discutir as propostas do relatório final da CPI que exigem mudanças constitucionais.
Também pretende visitar sua base eleitoral. "Há mais de 100 dias não vou ao Pará", diz. Insiste que não pretende candidatar-se à Presidência da República: "meu projeto político está no Pará".
Recebeu notícias de que está bem cotado para a disputa do governo do Estado, mas não se anima. "Já fui um governador entusiasmado há 30 anos", observa. O mais provável, afirma, é disputar novamente uma cadeira no Senado.
Apesar de negar, as articulações para lançar o senador à sucessão de Itamar Franco correm soltas. Na última terça-feira, por exemplo, os presidentes do PPR e do PFL, Esperidião Amin e Jorge Bornhausen, respectivamente, discutiram o assunto. Segundo Amin, "é inegável que o nome de Passarinho cresceu muito dentro e fora do PPR".
Ontem o senador fazia um balanço das atividades da comissão de inquérito. Em sua opinião, a presidência da CPI foi um dos três momentos mais dramáticos de sua trajetória política. Os outros dois foram a aplicação do primeiro ato institucional pós-64, quando era governador do Pará, e as cassações realizadas com base no AI-5 (Ato Institucional número 5), durante o regime militar.
"Dos três, a CPI do Orçamento foi o momento mais grave e mais injusto", afirma. Passarinho explica que todos os citados durante os trabalhos foram considerados corruptos pela opinião pública, indistintamente. "Recebi pessoas aos prantos em meu gabinete", acrescenta. No final, algumas delas sequer entraram no relatório final da CPI.

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