São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Citibank tem interesse na Light e Ecelsa

DA REPORTAGEM LOCAL

O Citibank decidiu quebrar um tabu em 1994. É o primeiro grande banco estrangeiro a definir como estratégia a compra de estatais brasileiras a serem privatizadas. As empresas que despertam o interesse do banco, a princípio, são, segundo José Monforte, vice-presidente da instituição, a Light e a Ecelsa.
"São as únicas com porte suficiente para nos candidatarmos até o momento", afirma. "Há, hoje, US$ 60 bilhões em ativos para serem privatizados e temos US$ 1 bilhão para comprar. Vamos em frente."
O dinheiro a ser alocado pelo Citibank será, em parte, fruto de papéis da dívida externa que ganharão a condição de moeda no programa de privatizações brasileiro. Mas o que leva o banco a se entusiasmar com a perspectiva de ampliação dos investimento aqui é o tamanho do país.
Estudo feito para ser apresentado a potenciais investidores estrangeiros no Brasil, por exemplo, mostra que o país tem um PIB superior à soma das Filipinas, Hong Kong, Taiwan e Coréia do Sul. Outra comparativo: o Brasil é maior que Chile, Colômbia, Venezuela, Argentina e México juntos.
"É essa a razão da Bolsa brasileira valorizar tanto", afirma Monforte. Na semana passada, Monforte reuniu-se com dois investidores estrangeiros na sede do Citibank. Cada um deles revelou disposição de aplicar US$ 50 milhões no fundo de participação direta em empresas brasileiras.
Um dos financistas possui US$ 100 milhões aplicados na Bolsa. Exemplos deste tipo não faltam. O Fidelity, um dos maiores fundos de investimento dos Estados Unidos, está com uma carteira de US$ 400 milhões em ações da Telebrás.
A leitura do Citibank é a de que a maioria das empresas brasileiras se viciou nos ganhos produzidos pela inflação. "Parte do empresariado se habituou a ganhar dinheiro com a aplicação financeira", diz Monforte. "Eles não terão visão ou condições para enfrentar uma fase posterior."
É por isso que o banco já tem vários projetos em análise, possíveis candidatos de receber um lance de compra. "Há interesse de investidores que querem nossa intermediação, mas há também casos de empresas que podem receber a participação de nosso fundo", conta. "Na visão do Citibank temos agora uma tendência permanente de melhora na economia e isso justifica os investimentos."

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